A freguesia de Vale das Fontes dista 17 quilómetros da sede do concelho e está situada próximo da margem direita do rio Tuela. Ocupa uma área de 16,65 quilómetros quadrados, onde também se inclui o lugar de Nuzedo de Baixo, antiga e importante freguesia independente, e o lugar de Minas.
O território desta freguesia foi povoado desde muito cedo como atesta a sua arqueologia. A sudeste da povoação de Vale das Fontes, num fragueiro sobranceiro ao Tuela, a uma altitude de 550 metros existe um castro, a que se chama o “Muradal”, por parecer um muro sobre o rio. O topónimo é deveras apropriado, pois ainda hoje se pode verificar e percorrer a linha de muralha, que teria vários metros de altura na sua parte noroeste, a mais vulnerável. O facto de a pedra utilizada ser o granito contribuiu para a conservação da linha defensiva até aos nossos dias.
O aparecimento no local de fragmentos de cerâmica feita à mão, datável da Idade do Bronze, testemunha a antiguidade deste castro, um dos mais bem conservados e estrategicamente melhor situados de todo o concelho. Mas o Muradal não é o único castro desta freguesia. Como Carlos Patrício escreveu, “numa das muitas curvas do rio existe um monte em forma de pata de cavalo, encimado por alguns penhascos de xisto, chamado Castrilhão. E a magia do nome e do lugar atraíram a minha curiosidade! E um dia, há já vários anos, fui ver se as minhas suspeitas se confirmavam. E anotem só o resultado: Mós de granito bonitas e às dezenas, cerâmica muita e variada, contas de colar, algumas enigmáticas, e muitas outras coisas”. No sopé do Muradal, junto ao rio está a Torca ou Pala dos Vermelhos. Trata-se de uma gruta /abrigo natural que terá sido aproveitada e ocupada desde tempos remotos, não havendo no entanto grandes estudos arqueológicos sobre essa ocupação. Serviu de abrigo a republicanos fugidos à vitória franquista na vizinha Espanha, que conseguiram aqui sobreviver graças à preciosa ajuda dos moradores desta freguesia. Não é fácil chegar a esse e outros buracos que nem sequer são visíveis à distância. Quando, em Agosto de 1940, o Exército português quis capturar os resistentes “rojos” teve de requisitar uma avioneta para fazer o reconhecimento do local. O excesso de peso e as dificuldades do relevo fizeram com que o pequeno aparelho do patrão das minas, Charles Lindley, se despenhasse. Lá ficou sepultado numa capelinha no alto do morro de Santa Bárbara, que se vislumbra quando se chega perto de Nuzedo de Baixo. É neste lugar que se situa o famoso complexo mineiro de Nuzedo/Ervedosa, actualmente paralisado. Fez acorrer à região gentes de origens e culturas diferentes que, enraizadas, deram origem a uma população mista, com traços antropológicos distintos da que permaneceu na zona norte. A exploração de estanho prolongou-se desde os árabes, segundo uns, desde o Bronze Final, segundo outros, até ao ano de 1969, quando os proprietários ingleses abandonaram a mina a céu aberto. Muitas centenas de pessoas emigraram. Resta a memória de uma época áurea, ao ponto de o geógrafo Carlos Patrício dizer que a aldeia era o centro do mundo: há mais de meio século já tinha central eléctrica, ruas calcetadas, água canalizada, cinema de manivela e um campo de futebol, que também servia para o avião do patrão aterrar. Hoje é um autêntico museu de arqueologia industrial, com fornos de arsénico junto ao bairro mineiro, chaminés em degradação, máquinas enferrujadas, vagões fora dos carris, uma ponte suspensa de cabos de ferro e, sobretudo, ruínas de casas no melhor estilo inglês. Ao tempo da Nacionalidade já o actual território desta freguesia se encontrava repovoado. Sobre Vale das Fontes, propriamente, não há indicações antigas, mas o seu orago manifesta essa antiguidade já que o culto de S. Bartolomeu se espalhou nesta parte da Península Ibérica entre os séculos X - XII. Embora as Inquirições não citem qualquer igreja daquela invocação, é de crer que aqui existisse uma qualquer ermida dedicada ao apóstolo. Já quanto a Nuzedo deparamos nas Inquirições de 1258 com um grande manancial de informações. Por elas ficamos a saber que D. Afonso Henriques doou, em data desconhecida, a um Fernando de Anaia, metade da “villa” de “Luzedo qui vocatur de sub castelo”, e este indivíduo, provavelmente fidalgo, doou-a ao mosteiro de Cedões ou Monte do Ramo. Nesta época, toda a actual freguesia de Vale das Fontes, ainda inexistente, era, com o lugar de Nozedo, que apesar de ter igreja, dedicada a Santa Maria, não era paróquia ainda, da freguesia de S. Lourenço de Rebordelo. Depois do século XIV ou XV, dentro da abadia de Rebordelo apareceram pelo menos as paróquias filiais, ou curatos providos pelo abade, de Vale das Fontes e de Nozedo. Foi por esta altura, ou já no século XVI, que o orago da última passou a ser Nossa Senhora da Expectação. Mas a partir do século XVIII, a então freguesia de Nozedo entrou numa fase de decadência, que se revelaria imparável. Nos meados do século, contrastando com a quase estagnação demográfica das freguesias vizinhas, havia já perdido sessenta por cento da sua população. Pouco depois, passava a ser a mais pequena freguesia das redondezas, apresentando apenas mais quatro fogos do que a quinta da Soutilha. Na primeira metade do século XIX dava-se a sua extinção e consequente anexação a Vale das Fontes. Municipal e administrativamente, todas as povoações da actual freguesia de Vale das Fontes foram termo de Vinhais desde a fundação do castelo e da vila, nos fins do século XII, em que aparece Vinhais como “terra”.
Fonte: Junta de Freguesia de Vale das Fontes, Nuzedo de Baixo e Minas