Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Santo do Inverno que traz o Verão - S. Martinho


Os Santos populares, no nosso país, são festejados no tempo quente de Verão:
Santo António, São João e São Pedro.
Há apenas um, que chega com o frio - São Martinho, que associamos à prova do vinho novo e às castanhas.
Martinho nasceu no séc. IV em 316 ou 317 D.C. Terá sido baptizado, por volta do ano 339. São mais de 1600 anos de popularidade.
A vida de São Martinho foi dedicada à pregação. Como era prática no tempo, mandou destruir templos de deuses considerados pagãos, introduziu festas religiosas cristãs e defende a independência da Igreja do poder político, atitude muito avançado para a época.
Nem sempre a sua acção foi bem aceite, daí ter sido repudiado, e, por vezes, maltratado.
Em 357 Martinho é dispensado oficialmente do exército e continua a espalhar a sua fé.
Morre em Candes, no dia 8 de Novembro do ano de 397 e o seu corpo foi acompanhado por 2000 monges, muito povo e mulheres devotas. Chega à cidade de Tours no dia 11 de Novembro. O seu culto começou logo após a sua morte.
Em 444 foi elevada uma capela no local.
Não foram só as gentes das Gálias que o veneraram. O seu culto espalhou-se por todo o Ocidente e parte do Oriente. Na cidade francesa de Tours, foi erguida uma enorme basílica entre 458 e 489 que viria a ser lugar de peregrinação, durante séculos.
Em França há perto de 300 cidades e povoações com o nome de São Martinho e, em Portugal, numa breve contagem, descobrimos 60 ( S. Martinho de Anta, S. Martinho do Porto, S. Martinho do Bispo, S. Martinho do Campo, S. Martinho de Mouros... É, no entanto, importante frisar que nem todas serão evocações de São Martinho, o soldado romano que dividiu a capa com o mendigo, mas também de São Martinho de Dume, originário da Hungria (séc. VI).
Por toda a Europa os festejos em honra de São Martinho estão relacionados com cultos da terra, das previsões do ano agrícola, com festas e canções desejando abundância e, nos países vinícolas, do Sul da Europa, com o vinho novo e a água-pé. Daí os adágios «Pelo São Martinho vai à adega e prova o teu vinho» ou «Castanhas e vinho pelo São Martinho».



O meu rico S. Martinho
É tão farrista que até,
Faz cantar o Zé-povinho
Com dois copos d’água-pé.


Foi cavaleiro romano
Com aprumo e distinção,
Chega sempre ao fim do ano
Com solzinho de Verão.


Em Novembro sorridente
Vem lembrar suas façanhas,
Canta e dança alegremente
Ao estoiro das castanhas.


Tem uma noite de alegria
Misturado com o povo
Que celebra com folia
A festa do vinho novo.


Nossa malta perturbada
Anda levada da breca
A comer castanha assada
E a beber pela caneca.

Como é bom viver assim,
Sem da crise termos susto,
Nesta noite sem ter fim
À volta deste magusto.


E o povo na brincadeira
Vai ficando coradinho,
Durante a noite inteira
A saudar o S. Martinho.


(Autor desconhecido)

2 comentários:

Anónimo disse...

O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.

Anónimo disse...

O dia de S. Martinho comemora-se no dia 11 de Novembro.
Diz a lenda que quando um cavaleiro romano andava a fazer a ronda, viu um velho mendigo cheio de fome e frio, porque estava quase nu.
O dia estava chuvoso e frio, e o velhinho estava encharcado.
O cavaleiro, chamado Martinho, era bondoso e gostava de ajudar as pessoas mais pobres. Então, ao ver aquele mendigo, ficou cheio de pena e cortou a sua grossa capa ao meio, com a espada.
Depois deu a metade da capa ao mendigo e partiu.
Passado algum tempo a chuva parou e apareceu no céu um lindo Sol.