Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Solidão do Carteiro



Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda, Os Versos do Capitão

(O CARTEIRO DE PABLO NERUDA)


3 comentários:

Anónimo disse...

Romance que narra a invulgar amizade entre um carteiro e um poeta de renome internacional, prémio Nobel de Literatura: Pablo Neruda.
Pressionado pelo pai para conseguir um trabalho, Mario Jiménez, um jovem morador da pequena Ilha Negra no litoral do Chile, emprega-se como carteiro da agência de correios local. Seu único cliente é o famoso poeta chileno, e todos os dias Mario leva cartas e mais cartas para Neruda. Dessa interação, começa a surgir o embrião de uma grande amizade...

João Ratão disse...

O Carteiro de Pablo Neruda é uma daquelas pérolas do cinema que nos fazem sorrir e que nos emocionam. Num tom lírico este filme mostra-nos a amizade que se criou entre o poeta chileno e o seu carteiro e o enamoramento deste último pela bela Beatrice Russo.
Por razões políticas o poeta Pablo Neruda é obrigado a procurar exílio numa ilha em Itália. Neruda é amado pelo povo pelas suas crenças comunistas e pelas mulheres pelos seus poemas de amor. Mario é filho de um pescador e está desempregado. Ele tem muitas dificuldades a ler e escrever, mas mesmo assim consegue ser contratado como carteiro, tendo como privilégio ser o encarregado da correspondência do poeta.
Um filme que vale a pena ver e rever...

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
belo post.
abs