Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Inverno


Que frio!!

Estamos no Inverno, no Inverno do nosso descontentamento.

Vamos andar, envolvidos nele, Inverno, até Março. E abraçados, também, à chuva, ao vento, ao frio e ao mau tempo, às luvas, aos gorros, aos cachecóis e aos guarda-chuvas, o que faz com que, muitas vezes, procuremos o aconchego da lareira.

Embora o calendário nos diga que começou no dia 21 de Dezembro, ele já se instalou, entre nós, há muito mais tempo. Nos nossos dias, calendário e tempo andam, quase sempre, de candeias às avessas...




O Inverno


Velho, velho, velho.

Chegou o Inverno.

Vem de sobretudo,

Vem de cachecol,

O chão onde passa

Parece um lençol.

Esqueceu as luvas

Perto do fogão:

Quando as procurou,

Roubara-as um cão.

Com medo do frio

Encosta-se a nós:

Dai-lhe café quente

Senão perde a voz.

Velho, velho, velho.

Chegou o Inverno.


(Eugénio de Andrade)







5 comentários:

Anónimo disse...

A professora Graça gosta tanto de versinhos, mas ainda não vi o Bocage no seu blog.
Aceite estes que são para si.


Já o Inverno, expremendo as cãs nevosas,
Geme, de horrendas nuvens carregado;
Luz o aéreo fuzil, e o mar inchado
Investe ao pólo em serras escumosas;

Ó benignas manhãs!, tardes saudosas,
Em que folga o pastor, medrando o gado,
Em que brincam no ervoso e fértil prado
Ninfas e Amores, Zéfiros e Rosas!

Voltai, retrocedei, formosos dias:
Ou antes vem, vem tu, doce beleza
Que noutros campos mil prazeres crias;

E ao ver-te sentirá minha alma acesa
Os perfumes, o encanto, as alegrias,
Da estação que remoça a natureza.
Bocage

Leandro Afonso disse...

Finalmente o solsticio de Inverno chegou e os dias já vao ser maiores!! Desejo um optimo Natal para si! Tudo de bom :)

beijinhos

Armando Sena disse...

E, se esta foto é recente, mais uma nevada valente.

João Ratão disse...

Ó meu coração, torna para trás.
Onde vais a correr, desatinado?
Meus olhos incendidos que o pecado
Queimou! o sol! Volvei, noites de paz.
Vergam da neve os olmos dos caminhos.
A cinza arrefeceu sobre o brasido.
Noites da serra, o casebre transido...
Ó meus olhos, cismai como os velhinhos.
Extintas primaveras evocai-as:
_ Já vai florir o pomar das maceiras.
Hemos de enfeitar os chapéus de maias._
Sossegai, esfriai, olhos febris.
_ E hemos de ir cantar nas derradeiras
Ladainhas...Doces vozes senis..._

Romeiro de Alcácer disse...

A este Blogue vem-se muitas vezes.
O retrato, a pequena crónica, a Poesia (da autora, a do seu gosto e a dos visitantes); os desafios à nossa gula (ficamos sempre com tanto apetite de deitar o dente - …e a mão! - às «amostras que aqui se mostram»); as recordações e as saudades com que nos lembra a Vida levam-nos a cair na tentação de aqui deixar as nossas lágrimas de contentamento e agradecimento, disfarçadas em mal-arranjados montinhos de palavras.
E, para não parecermos tão mal, acrescentamos à nossa meda de VOTOS de

BOAS FESTAS

uma das

“ORAÇÕES AO VENTO”.


QUADRA DE INVERNO

Um vendaval aceso e desabrido
Açoita Portugal de lado a lado!
Por toda a parte um lodaçal pegado!
E o mar furioso e erguido!

O vento tem um grito dolorido,
Deixando o arvoredo derrubado!
O aldeão fugiu, deixou o prado,
E foi para a lareira entristecido.

Da vida, pela péssima estrada,
Já caminha soturna, acabrunhada,
A alma infeliz das multidões!

E este mal-estar se revela
Ouvindo os longos uivos da procela,
A bater fortemente os corações!

ARTUR MARIA AFONSO - Dezembro de 1948-
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Para uma Lebução cheia de GRAÇA

UMA NOITE de CONSOADA (com uma dentadinha de rabanada à nossa saúde!) “CONSOLADA”

Um DIA de NATAL com MUITA ALEGRIA

UM BOM ANO NOVO


Romeiro de Alcácer