Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 30 de janeiro de 2011

Mais Varandas ao Sol de Inverno



Outra vez as varandas..
Romeiro de Alcácer,

… E das varandas lançávamos à sorte os nossos sonhos - de aventuras ao deus-dará; de conquistas infindáveis que nos iriam tornar grande e glorioso no regalo de viver; de colheitas de bens e de frutos com que encheríamos imensos sacos, seiras, cestas e arcas, que traríamos para casa , a compensar as faltas sentidas; na conquista daquele altaneiro castelo, defendido por íngremes escarpas, grossas muralhas e medonhos dragões à porta, a lançar fogo, com enormes garras tão afiadas, e em cuja torre mais alta estava prisioneira a nossa fada-princesa, que iríamos tomar nos braços e, com ela, sermos «eternamente feliz».

Das Varandas, o olhar do mundo abarca outra dimensão. Olhamos em frente, e o horizonte avisa--nos que ainda não encontramos tudo o que procuramos; olhamos para cima, e o céu, brilhante e estrelado, encantador, ou com nuvens, ameaçador, enche-nos de assombro ou de temor, e descobrimos que a Vida é uma enorme insignificância no Infinito; olhamos para baixo, e interrogamo-nos por que a pegada humana tanto estraga os caminhos por onde anda!

As Varandas eram o topo do mundo onde a nossa namorada deixava o sinal da hora da ida à fonte ou à missa, segar erva ou ir a casa da madrinha (que abençoava ambos), lá na Aldeia.

As Varandas eram o topo do mundo onde a amiga da namorada vinha espreitar a nossa sombra para ir à sala avisá-la que já não eram horas de estudar mais os sistemas cristalinos triclínicos dos minerais, mas, sim, horas de ir ao encontro da validação das leis químicas do amor, lá na Cidade.


Romeiro de Alcácer
22 Janeiro, 2011 11:27


Bem haja, Romeiro de Alcácer!
Os seus comentários enriquecem este blog.
Volte sempre, porque sempre o receberemos de braços abertos.



4 comentários:

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
belas varandas de Lebução! E um belo texto de Romeiro!
abs

Sonhador disse...

O olhar perdido no horizonte, e nas casas e varandas transmontanas:
sardinheiras e craveiros pendurados nas janelas, montanhas a tocarem os céus, vinhas e lameiros, cestas e dornas, adegas e lagares, carros de bois a chiar, campos de centeio, eiras e palheiros, moínhos e moleiros, rebanhos e pastores, lavadouros, fontes, teares, gente de trabalho, muita gente, a ruralidade em todo o seu explendor!

Anónimo disse...

E das varandas eu avisto rios de sonho, paisagens deslumbrantes, riachos e ribeiros de água cristalina, recantos escondidos, água, muita água e um infindável souto de seculares castanheiros. A natureza em todo o seu esplendor!
Igrejas e capelas, cruzeiros e pelourinhos, casas senhoriais, brasões, ruas e ruelas, caminhos e trilhos, pontes e vias medievais, relógios de sol, fontes de água fresca, num extasiante passeio pela história e pela tradição.

Armando Sena disse...

Pleno de poesia este blogue, embora em forma de prosa escrito. Gosto.