Chaves, 8 de Maio de 1913.
Um casal, abastado, morava em FAIÕES, aquela Aldeia lá na Veiga, já a encostar-se ao Brunheiro e onde o pão continua a ser sempre bem cozido e bem saboroso.
Chegada a altura de ser mãe, a esposa «fez questão» que os seus filhos «tinham de nascer» na Vila.
O marido fez-lhe a vontade.
Havia uma casa devoluta, que ainda era de família, ali para a Rua Direita.
O futuro pai comprou-a. Arranjou-a a preceito. E, chegada a hora, foi lá, no Nº 104 da Rua Direita, que nasceram os filhos desse casal de FAIÕES.
E todos saíram ilustres.
Desse «ranchito» temos a sorte de ainda estar entre nós o EDGAR.
Professor e Poeta, o Dr. EDGAR CARNEIRO foi um Mestre que deixou reconhecimento e saudades aos seus alunos. E ainda hoje continua a fazer amigos.
A Cidade de Espinho, onde leccionou e onde reside desde há muitos anos, adoptou-o como seu cidadão e celebrou-o condecorando-o.
Mas o Dr. EDGAR CARNEIRO continua apegado ao torrão que o viu nascer e crescer.
Sabemo-lo e testemunhamo-lo.
Sempre que chegamos ao «Mon Chèri», para tomar o nosso «pingo» e fazer-lhe companhia ao lanche, solta-se-lhe logo:
- “Então que novidades nos traz da “NOSSA TERRA”?!
E, acompanhados pela flaviense de provecta idade, D. ARMANDINA SERRA RAMOS, lá falamos de algumas «novidades de CHAVES» e de muitas recordações de todos.
Joaninha, voa, voa,
Leva as cartas a Lisboa.
Leva o desgosto da gente
Que não quer ódios nem balas.
Nem rodeios nem cabalas
De quem promete e lhe mente.
Joaninha, voa, voa.
Leva as cartas a Lisboa.
Leva esta mágoa sentida
De quem quer comer o pão
Sem ter de estender a mão
A quem lho dá por medida.
Joaninha, voa, voa.
Leva as cartas a Lisboa.
Correio de quem é pobre,
Vai dizer a quem é tolo
Que quanto mais cresce o bolo
Mais o povo passa fome.
Do Livro "A FACA no PÃO" (1981)
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2 comentários:
Uma grande perda para a cultura portuguesa.
D E P O I S de A M A N H Ã
Não canto ontem nem hoje
canto depois de amanhã
não mais cantarei a fonte
só a gaivota na foz
não canto o grito de agora
só o silêncio depois
quando no meio da noite
despido de glória vã
erguer a voz que sobrou
para cantar amanhã
Edgar Carneiro
etMais um ilustre filho da terra que nos deixou.
Chaves fica mais pobre.
Condolências à família.
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