Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Rua Senhor dos Aflitos


Esta rua, Senhor dos Aflitos, começa na casa de Carolino Alves e vai juntar-se ao largo da Capela que lhe deu o nome, na casa que pertenceu a Rosa e Abílio Teixeira.

Outrora, esta rua e todas as que constituem a aldeia, estavam repletas de gente que labutava na agricultura do nascer ao pôr do sol, tirando da terra, com muito suor, o pão de todos os dias, para sustentar as famílias numerosas que constituíam.

Lebução foi, nesses tempos, o retrato fiel de uma comunidade rural ligada ao semear, ao arrancar e ao infortúnio e às desgraças das trovoadas de Maio que, impiedosamente, arrastavam culturas e faziam derramar lágrimas.

A desertificação humana também não poupou esta terra transmontana. A Aldeia ficou reduzida a um punhado de gente velha, cansada e sem forças, mas embebida de um forte sentimento de coragem e saudade...

São eles, os mais velhos, que, teimosamente, cultivam estas terras que já foram dos seus pais e dos pais deles.

São os resistentes transmontanos, os lavradores e pastores que percorrem os caminhos da solidão, de sacho às costas ou de cajado na mão, quase sempre acompanhados "do fiel amigo.

E resistem, resistem sempre, porque esta é a terra que os viu nascer e, dizem, onde querem morrer.














6 comentários:

Vitor Loureiro disse...

Ora aí está uma rua a fazer jus ao nome, em consonância com ruas de algumas aldeias e mesmo cidade de Valpaços , pois não se vê vi'valma.
Os retratos são bonitos a gente é que escasseia.
Beijinho prof.Graça

Anónimo disse...

Para a Graça com todo o meu carinho.
Estás a braços com um trabalho fabuloso em prol da nossa terra.
Bjs.

Há gente ilustre,
Aos montes,
Lá na minha terra de Trás-os-Montes.
Há-os Doutores, Médicos e Legistas,
Professores, Mentores, Catedráticos e Juristas,
Empresários, Engenheiros, Poetas, Padres, Romancistas,
Artesãos que modelam pensamento e arte com as mãos.

Também há Generais,
E mais, muitos mais,
Cujos nomes são atracção
Nas enciclopédias, nos dicionários
E nos anais
Da Nação.

Mas o Transmontano mais nobre
Não tem nome, porque é pobre,
Porque mistura as mãos, a carne,
O sangue, a alma, o ser, à agua, ao ar, à terra
Que o fez nascer;
Que devolve à terra, graciosamente,
Os filhos que gerou com dor
E amor no ventre.

O mais ilustre transmontano
Não vem nos anuais, Diários, Semanários,
Nem telejornais.
É conhecido, Ignorado,
Por vezes, vaiado,
Porque a sua esperança
Não vai muito para lá
Do horizonte
Que o seu olhar alcança.

O mais ilustre transmontano
Finca os pés no torrão agreste recusando a Tentação do ir,
Junta o dia a- noite, a noite ao dia
E faz da sua vida,
Sem hesitação,
Uma oblação continua de dor e agonia.

E grita,
Grita que fica,
Agarrado,
Alapado as raízes da sua terra.

E jura,
Jura, por Deus,
Sobre a campa dos seus,
Que não vai embora
Por esse mundo fora,

Que não desiste,
Que resiste,
Porque sabe que é graças a ele
Que Trás-os-Montes existe.

(Armando Jorge e Silva)

Eugénio Borges disse...

"mesmo na noite mais triste, há sempre alguém que resiste"

Não podemos desistir nem nos podemos resignar, porque a batalha pelo combate à interioridade é de todos.

Façamos cada um a sua parte. Este blogue tem feito a sua.

João Ratão disse...

Para todos os resistentes, principalmente os da minha terra.
Abraços

A Terra

Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,

Tudo a enterrar centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.

Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.

Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!

Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.

Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!

E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.

Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!

A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.

Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!

"Miquel Torga"

Armando Sena disse...

Esta rua, tem na minha opinião, uma das mais bem conseguidas recuperações de casas antigas de Lebução.
Muito bom este post, os meus parabéns, belo trabalho.

Anónimo disse...

“””Parece impossíBele!
Uma «profesora» não por um «sê» à frente do “SNR” da placa e esqueSSer-se de «dos».
Deitamos-lhe as culpas, claro, porque é considerada a «presidenta» , e, por isso, é a culpada e a responsáBele!
Ou a Rua é mesmo dos «SNR’s AFLITOS»?!
Tão «AFLITOS» que até desinfÉtaram daí!”””
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Ora aqui está o provável comentário de um(a) comentador(a) de ««6 de Fevreiro , 2011 02:09»».
Mas como não ganhou para o susto, até só com a resposta da autora do Blogue, mantém-se caladinho(a) que nem um rato.
Tupamaro