Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Escuteiros “dão a mão” aos mais velhos

Ao abrigo de um projecto pensado por uma mestranda em Educação Social, Raquel Machado, o Agrupamento de Escuteiros de Valpaços tem dedicado parte dos seus fins-de-semana a ajudar os idosos do concelho.







A ideia é “sensibilizar/formar jovens escuteiros para a promoção e inclusão social em áreas desertificadas e o combate ao isolamento junto de grupos idosos confrontados com situações de exclusão, marginalidade e pobreza persistentes”, referiu Raquel Machado. Para tal, a estudante analisou o Projecto Afectos, sob a alçada do Departamento de Acção Social da Câmara Municipal de Valpaços, visto que os idosos participantes no referido projecto já se encontram referenciados, através de um estudo prévio, como pessoas sem retaguarda familiar. Depois foi pegar na vontade de contribuir para a construção de um mundo melhor dos escuteiros valpacenses e por mãos à obra.

“Visto que o papel do Educador Social passa por ser um agente de mudança social, através da implementação de estratégias de intervenção educativa deve actuar na inclusão e bem-estar social, assim como, deve contribuir para o aperfeiçoamento da comunidade”, acrescentou Raquel Machado sobre o seu objectivo.

Ora, servir o próximo é lema já “velho amigo” dos escuteiros valpacenses, que em grupo iam ajudando quem encontravam nas diversas actividades que desenvolvem. Não foi difícil “juntar o útil ao agradável” e formar grupos consoante a sua disponibilidade que à parte das suas actividades conseguiram encaixar “um projecto do qual se orgulham em participar”.
O voluntariado já faz parte da “escola escutista” e todos os sábados de manhã, podendo alongar-se também na parte de tarde, durante quatro meses, entre Fevereiro e Maio, os jovens, sob a orientação do Chefe de Agrupamento, António Escudeiro, deslocam-se à casa de um idoso para o auxiliar nas mais diversas tarefas.
Filomena Ribeiro, coordenadora do projecto “Afectos”, selecciona um idoso em cada semana, após uma avaliação prévia acerca das necessidades dos idosos participantes no projecto, distribuídos pelos núcleos de intervenção, nomeadamente Valpaços, Carrazedo de Montenegro, Veiga do Lila, São Pedro de Veiga, Friões e Lebução. A selecção é feita tendo em conta as condições económicas, estado de saúde, sendo o factor principal residirem sozinhos.

“De mulheresde limpeza a carpinteiros”

Em equipas de 7 a 8 elementos, os escuteiros reúnem e deslocam-se na carrinha do agrupamento, com o apoio para combustível da parte da autarquia valpacense, juntamente com a mentora do projecto, Raquel Machado, e o Chefe de Agrupamento, António Escudeiro e outros dirigentes do 392.
A meta é proporcionar o apoio comunitário, sendo um conjugar de diversos factores, desde a vertente material, àquela que não se pode comprar, a vertente afectiva. “Este projecto implica a intervenção domiciliária dos escuteiros, o que promove junto dos idosos melhorias a nível afectivo, psicológico e físico. As actividades desenvolvidas são definidas por cada idoso contemplando sempre as suas necessidades mais urgentes”, explicou Raquel Machado.
Recorrendo à sua prática enquanto escuteiros, que desenvolvem actividades para preparar homens e mulheres a saber o que fazer nas mais diversas situações, a ajuda pode passar pelos mais diversos arranjos nas habitações, na lida diária do meio rural, como concertar vedações ou cortar lenha, à manutenção de jardins, entre outras, sendo que a maioria dos materiais necessários são facultados pelos idosos.
Sendo o escutismo uma escola de voluntariado, os escuteiros não viram a cara às mais diversas tarefas e limpam e arrumam a casa, fazem refeições se preciso, uma simples conversa ou qualquer tarefa que proporciona com certeza um regresso a casa com a satisfação incomparável de terem proporcionado algum conforto a alguém que precisa.

Cátia Mata



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