Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 6 de maio de 2012

A minha Mãe

Do alto dos Mouchos, dos nossos Mouchos, ao lado da minha Mãe, o meu olhar estende-se pelo vale, e detem-se em Faiões, na Ponte e no ribeiro, que corre, agora, mansamente. Por cima de nós o céu azul onde, por vezes, aparece uma nuvem branca, tão branca como a roupa estendida ao sol, depois de terem passado pelas águas  do ribeiro, e pelas mãos de quem sabe. 

Desço até à Ponte, sempre ao lado da minha Mãe, e já estou no mundo das padeiras e das lavadeiras, que fizeram das águas desta terra uma maneira diferente de gastar os dias e ganhar o pão.



E eu, descalça, entro no mundo da minha mãe para meter os pés na água do ribeiro e correr atrás dos patos;
sentar-me numa pedra, a ver correr a água, e molhar as bolachas, antes de as comer, essas bolachas com que o Totó Melão me enchia as mãos, sempre que eu ia a Faiões, enquanto a minha Mãe assistia ao "piquenique", de sorriso rasgado;
correr para a Horta do Ribeiro, trepar a cancela e comer figos até não poder mais!
Entrar, de mão dada com a minha Mãe, na casa da amiga de sempre, a srª Cândida Fernandes, e assistir a toda a azáfama, a toda a labuta, desses dias sem fim, com a srª Cândida, essa grande senhora, sempre na linha da frente, sempre a marcar o ritmo do trabalho.
E quando começar a escurecer, quero levantar os olhos, e ver o meu pai, lá em cima, na estrada, à nossa espera, com o capot do Prefect aberto, para o motor arrefecer e aguentar a estrada até Lebução.
Quando o meu pai olhar para a minha Mãe, já dentro do carro, vai dizer com uma certa ironia, uma doce ironia:
Hoje estás contente, já foste "dar os dias santos à Ponte", que é como quem diz -- ainda mandas em Faiões...
Quando tivermos andado meia dúzia de quilómetros eis que surge a pergunta da minha Mãe: :
Manuel, quando voltamos?
   









Sem comentários: