Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Alegorias meteorológicas do povo transmontano - vento de Lomba frio na tromba





Outono sem chuva, vento e trovão, prepara-te para um ano de barriga em vão

Muito se aprende com as alegorias meteorológicas do povo transmontano. Agora [o mês de Outubro] em que a Região de Trás-os-Montes entra num longo período agreste, ventoso e chuvoso, é que a sabedoria popular mais vem ao de cima. Por aqui se diz: “Outono sem chuva, vento e trovão, prepara-te para um ano de barriga em vão”. E por isso, o povo muito sossega quando tudo bate certo, quando os tempos não andam trocados. Quando as intempéries vêm em tempos certos, nos meios rurais tudo se acomoda, aos invés das grandes cidades, onde continuamos a assistir aos dramas das inundações e enxurradas.
O povo das aldeias continua a orientar-se com saberes antigos. Por isso está geralmente prevenido: “Se a aurora está ruiva, ou traz vento ou traz chuva” e “Céu pedrento muita chuva e muito vento”. Ou então: “Amigos de ocasião são como o bom tempo, mudam com o vento” até porque “O vento tanto junta a palha como a espalha”, sabendo nós que o “Vento de todo o lado é mandado p’lo diabo”.
E ainda quanto aos ventos, o povo até lhes conhece as linguagens: “Vento norte, três dias forte”, ou então“Vento de Lomba, frio na tromba” (e também diz: “Vento de Lomba, frio na tromba, mas se é de Vinhais ainda é mais”). Mas pior é se vem do outro lado: “Vento de leste não traz nada que preste”, que o mesmo é dizer: “De Espanha, nem bom vento nem bom casamento”. Pelo contrário, “Vento de Vilartão, água na mão”, que o mesmo é dizer: “Vento suão cria palha e grão”; onde também se diz: “Água de vento traz meio sustento”.
Tudo isto se pode aprender com este povo. Apenas é preciso subir um degrau para ficar aos seu nível.

(Bib.: Os Provérbios e a Cultura Popular, Gailivro, 2007)

























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