Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 3 de outubro de 2015

A montanha ofereceu ao homem transmontano a rocha, alvenaria de granito, para as suas construções





A montanha ofereceu ao homem transmontano a rocha, alvenaria de granito, que foi desde sempre a matéria-prima nobre e farta de que se serviu para construir a mais modesta casa rural mas também os sumptuosos solares.

Na casa rural transmontana, em tempos remotos, subia-se ao primeiro andar pelas escaleiras exteriores de granito, ligadas à rua apoiando-se no corrimão. A casa do lavrador mais abastado era rodeada pelo espaço curral. Neste espaço, que rodeava a casa situava-se o cabanal, onde se guardava a lenha retirada do sequeiro, já partida e livre da chuva, e as alfaias agrícolas.
A porta da entrada dava para a cozinha. Tinha mais um postigo (abertura móvel, na parte superior da porta para deixar sair o fumo e evitar a entrada do frio).
A cozinha é o aposento maior e principal da casa. É necessário que seja grande e espaçosa para receber os “obreiros”, e toda a família na festa de Natal e na matança do porco.
A lareira é rodeada de grandes e enegrecidos escanos de castanho, que lhes dão o aconchego e bem-estar, à volta do lume nos medonhos serões de Inverno.
Sobre o trasfogueiro caem grossos troncos, em combustão viva e estaladiça.
Os potes de ferro, a caldeira de cobre e a borralheira, o badil e as tenazes são elementos presenciais. A saída do fumo era facilitada por um pequeno cabanal, erguido no declive do telhado.
Na trave do fumeiro penduram-se os presuntos para se ultimar a cura ao fumo.
O almário ou louceiro era enfeitado com os jornais rebicados e colados com o miolo do pão. 
Era o ostentatório das peças artesanais de uso diário, na cozinha.
Por detrás da lareira, muitas vezes, surgia a boca do forno, para se cozer o pão e a borralheira que armazenava a cinza a utilizar, depois na barrela.
O colmo ou a telha vã, fabricada artesanalmente na vizinhança, cobriam a casa.
As janelas eram encaixadas com o “espigão” na parede, seguras com a tranca, e com um banco de pedra no interior para as pessoas se sentarem às janelas, e exterior para se colocar o caco do craveiro ou do manjerico.
O alçapão facilitava a penetração nos baixos da casa, sem sair à rua, ou era a entrada da tulha.
Na velha arca de castanho, no canto da cozinha, guardava-se a carne de porco cozida, o pão centeio da mesa... e às vezes servia de mesa, para as refeições familiares.
Fonte: Município de Mirandela





































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