Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Fevereiro quente traz o diabo no ventre



Fevereiro, velhaco e traiçoeiro
Alexandre Parafita

Cuidado com este fevereiro. Ele aí está, o safado. E promete ser como os outros: velhaco e traiçoeiro. Quem hoje, por estas bandas, abrir as janelas dá com ele tal qual é: agora com um sol promissor, depois uma forte ventania, logo uma valente chuvada ou uma saraivada. Sempre enganador. Afinal, enganou a própria mãe. E “matou-a ao soalheiro”. Em Sabrosa, conta-se que a pobre velhinha, ao olhar pela janela e, vendo o sol a raiar, perguntou ao filho:
– Olha lá, ó fevereiro, hoje não mandas chuva?
– Hoje não – diz ele. – Hoje mando uma ressa de sol. 
Ela então pegou na roca e no fuso e foi para o soalheiro fiar. Nisto, o safado mandou vir uma forte saraivada, e a pobre, como era velhinha, não teve tempo de fugir e morreu ali mesmo. Assim se conta em Sabrosa. Noutros sítios conta-se mais: conta-se em Vinhais que o fevereiro fez vir uma ressa de sol e mandou a mãe ao monte nua. A seguir, mandou uma saraivada e matou-a. Por isso, é que o povo diz que ele “é velhaco e traiçoeiro” e que “fevereiro quente traz o diabo no ventre”.

Bibliografia: Os Provérbios e a Cultura Popular, Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2007


























































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