Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 6 de outubro de 2018

Bendita chuva de outono



Bendita chuva de outono!

Lascívia e viço à mistura
No cheiro a terra molhada!
Tanto tardas, chuva!…
Já se colheram as uvas
Já ferve o mosto nas pipas.
E os aromas de verão, 
Do centeio já malhado
E do feno e da margaça 
E da fruta maturada
Não tarda que se dissipem.
A terra morre de sede 
E de desejo…
E as sementes do nabal 
Esperam pelo teu beijo.
Na horta as pencas e as rabas
Não medram. E o Natal
Está de portas adentro…
Não tardes, chuva de outono!...
O lavrador desespera
De tanto esperar por ti.
Vê se vens ainda a tempo
De germinar o centeio.
E de veres as castanhas
Arreganhar nos ouriços…
Vê se vens, chuva, e te entranhas
Nesta terra ressequida 
E já cansada da espera!
Por mim, só quero sentir
Esse aroma inebriante
Que vem da terra molhada:
Da palha e do fananco, 
Do rosmaninho bravio,
Do feno já recolhido,
Dos cheiros todos do campo!
Quero sentir-te no corpo,
Chapinhar de pés descalços
Os charcos que tu deixaste.
E num suave abandono
Sentir a alma lavada!
Bendita chuva de outono!
António Mosca















































Sem comentários: