Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Provérbios



«Arco da Velha Sol e Chuva na Terra»


Era esta a frase pronunciada pela gente de Lebução, quando, depois de muita chuva, o céu aparecia pintado com as cores do arco-íris.


Isto queria dizer, tão simplesmente, que o aparecimento do arco-íris era prenúncio de chuva e sol.


Aqui, está presente, o tal saber de experiência feito, pedaços de bom senso fixados na memória do povo.


O mesmo povo que classifica os seus provérbios, dizendo «Ditados velhos são Evangelhos» tanta crença lhes atribui. E tem razão, pois, efectivamente, assim se poderão classificar pela verdade que contêm e pela rectidão moral das suas ideias.


Pois é de Provérbios, também chamados Adágios ou Rifões... que vamos falar.


Aceitando uma sugestão/ desafio do meu amigo Armando Sena, vou dar início a uma recolha destes «ditos populares» começando com dois enviados pelo Armando, e esperando muitos mais contributos:





Para o mês de S. João, guarda o melhor tissão.


Quem aluga o cú não é senhor dele.
Um pega, outro carrega e outro mira se vai bem.
Quando um pobre come galinha um dos dois está doente.
Grão a grão enche a galinha o papo e o moleiro o saco.
Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.
Quem casa não pensa e quem pensa não casa.
Prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
Debaixo da manta tanto vale a preta como a branca.
Mais vale nada dizer do que dizer nada.
Não é por muito madrugar que amanhece mais cedo.
A galinha da minha vizinha é maior que a minha.
Pão e vinho, pés a caminho.
Na terra dos cegos quem tem um olho é rei.
De médico e de louco, todos temos um pouco.
Vão as leis para onde querem os reis.
Pão de ontem carne de hoje e vinho do outro Verão fazem o homem são.
"Pés quentes, cabeça fresca, Cu aberto, boa urina E merda prá medicina."
Homem velho e mulher nova filhos até à cova.
Cesteiro que faz um cesto faz um cento desde que tenha verga e tempo.
Fidalgo sem renda é como alforge sem merenda.
Quem quiser o cão de caça que lhe procure a raça.
Homem merendeiro nem mêda nem palheiro.
Amigo que não presta e faca que não corta mesmo que se percam pouco importa.
Lua nova trovoada trinta dias é molhada.
Água pelo S. João corta o vinho e não dá pão.
Burro velho não toma andadura e se a toma pouco lhe dura.
A ração não é para quem se talha é para quem a come.
Quem não tem dinheiro não tem vícios.
Ao rico não devas e ao pobre não prometas.
Se não houvesse vento não havia mau tempo.
Há mais dias do que chouriças.
No dia de S. Vicente levanta o arado e a semente.
Tudo se quer no seu tempo e o nabo no mês do Advento.
Em Setembro ardem os montes e secam as fontes.
« De enganos vive a justiça justiça põe-te de banda Vale mais um mau concerto Do que uma boa demanda.»A espada vence a palavra convence.
Anda com capa de letrado muito burro disfarçado.
Neve de Fevereiro derrete-a a velha com um peido.
Quando o mal é de morte o remédio é morrer.
Há sempre um dia de Maio para fazer um arado.
Quem não tem dinheiro não tem vícios.
Para a igreja e para o moínho não esperes pelo vizinho.
"Não peças a quem pediu Nem sirvas a quem serviu Não compres a quem comprou Compra antes a quem herdou Que não sabe quanto lhe
Quem não pode morrer se deixa.
Quem se veste de ruim pano veste-se duas vezes no ano.
Ao rico não devas e ao pobre não prometas.
O ano por ser farto não perde.
Se o velho pudesse e o novo quisesse não havia nada que se não fizesse.
Os padres são como os pombos onde entram deixam borrada.
Sermão de festa não adverte nem converte.
Maria que muito monda mal monda.
Há paus que servem pra santos outros nem pró lume servem.
Candeia que vai à frente alumia duas vezes.
No mês do advento racham-se as fragas com água e vento.
Se o inverno não erra caminho aí está pelo S. Martinho.
Dos santos ao Natal é inverno natural.
No dia de S. Martinho come castanhas e prova o teu vinho.
Quem se mete por atalhos nunca lhe faltam trabalhos.
Água corrente não mata a gente.
Em Março nem o rabo do gato molhado.
Gato farto não é murador.
Aves de bico não deixam o amo rico.
Do mal o menos.
Manhãs de Abril são doces no dormir.
Quem não tem cão caça com gato.
Casa onde não há pão todos ralham e nenhum tem razão.
Governa Maria na casa vazia.
Correm as nuvens pra Vinhais levam água e trazem mais.
Homem pequenino ou sacana ou bailarino.
Só fala de orelhas quem é orelhudo.
Casamento no entrudo faz o homem cornudo.
A mulher e a sardinha quer-se a mais pequenina.
Minha casinha meu lar se não me aqueço deixo-me estar.
Os filhos das minhas filhas meus filhos são os dos meus filhos serão ou não.
Não há luar como o de Janeiro nem amor como o primeiro.
Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz.
Por causa dos santos adoram-se as pedras.
Casa que não é ralhada não é governada.
Enquanto se capa não se assobia.
Mal vai Portugal se não tiver três cheias antes do Natal.
Não desejes mal ao teu vizinho que o teu já vem a caminho.
O maior cego é aquele que não quer ver.
Quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem.
Mais vale um castanheiro do que um saco de dinheiro.
Com vento se limpa o trigo e os vícios com castigo.
Quem pássaros receia milho não semeia.
Moleiro a moleiro não leva maquia.
Sorte te quero minha filha que o saber pouco te vale.
Mãos que não dais o que esperais.
Vaca do monte não tem boi certo.
Não contes o teu segredo a ninguém porque o teu amigo outro amigo tem.
Quem vai à guerra dá e leva.
Não deites foguetes antes da festa.
Quem se mete por atalhos nunca lhe faltam trabalhos.
Deus nos livre de bocas abertas e de coisas que não são certas.
Em terra de cegos quem tem um olho é rei.
Depressa e bem há pouco quem.
Quando Deus não quer santos não valem.
No batizado e na boda verás quem te honra.
Quem não trabuca não manduca.
Quem tem filhos tem cadilhos quem os não tem cadilhos tem.
Quem com ferros mata com ferros morre.
Patrão fora dia santo na loja.
No tempo do nabo não te fies no estrelado.
O avarento por um real perde um cento.
Santos de ao pé da porta não fazem milagres.
Quem tem boca vai a Roma.
Como os santos o tenham e os padres o sintam tanto lhe cantam até que lho quitam.
Bem aventurados são os que não querem contas com os de Rebordelo, Moimenta e Vilartão.
Padres e sapos quem os vir mate-os.
Quem ao moínho vai enfarinhado sai.
Guarda sempre que comer nunca guardes que fazer.
Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
Nunca digas desta água não beberei.
O casamento e a mortalha no céu se talha.
Fia-te na virgem e não corras e verás que tombo dás.
Poupar é enquanto o há quando não há poupado está.
Não há fome que não dê em fartura.
Quem se deita sem ceia toda a noite rabeia.
Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é burro ou não tem arte.
Em casa de ferreiro espeto de amieiro.
Quem a boa árvore se encosta boa sombra o cobre.
Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.
Dá Deus as nozes a quem não tem dentes.
Quem não poupa sal e lenha não poupa coisa que tenha.
não dá a bota com a perdigota.
O pior cego é aquele que não quer ver.
Nunca ponhas o carro à frente dos bois.
Os homens não se medem aos palmos.
Quem à terra alheia vai casar ou é enganado ou vai enganar.
Preso por ter cão e preso por não o ter.
Quem em Maio não merenda aos finados se encomenda.
O casamento e a mortalha no céu se talha.
Não faças mal porque pecas nem bem porque o perdes.
Não há luar como o de Janeiro mas lá vem o de Agosto que lhe dá no rosto.
Páscoas altas Páscoas baixas em Abril caem as Páscoas.
Páscoa em Março ano de fome ou de mortaça.
Em Fevereiro cada sulco seu ribeiro.
Dos santos ao Natal é um salto dum pardal do Natal a Janeiro é um salto dum carneiro Janeiro fora mais uma hora mas quem bem contar.
Depois de nós virá quem nos honrará.
Ano de muita ameixa ano de muita queixa.
Com papas e bolos enganam-se os tolos com festas e beijos é que se alcançam os desejos.
Muito comer e pouco rezar Deus nos leve a bom lugar.
Quem muito reza alguma coisa lhe pesa.
Quem é desconfiado não é fiel.
Em Janeiro sobe ao outeiro se vires verdejar põe-te a chorar e se vires torrear põe-te a cantar.
Abril águas mil quantas mais puderem vir coadas por um mandil.
Quem não come por ter comido não é doença de perigo.
Não há sábado sem sol nem domingo sem missa nem segunda sem preguiça.
Não contes com o ovo no cú da galinha
Um dia é da caça outro é do caçador.
Quem não quer uma boa mãe dá-se-lhe uma ruim madrasta.
Em tempo de guerra mentira como terra.
Viva o Cancelo mas o coração cá está.
Ouvem-se os sinos em Tortomil o bom tempo está pra vir.
Quem quiser um bom alhal planta-o no mês de Natal.
O céu é de quem o ganha mas este mundo é de quem o arrebanha.
Boa vida é meia mantença.
Quem quiser um alhal porretudo planta-o no mês do entrudo.
Cada um sabe das suas e Deus de todos.
A água cria boa gente.
Parir é dor e criar é amor.
Os melhores foguetes são sempre para o fim do arraial.
O que não é visto não é desejado.
Mais vale tarde do que nunca.
O calado é o melhor.
Junta-te aos bons serás como eles junta-te aos maus serás pior do que eles.
«Ja gear Fev choverMencanar Aespigar Mengrandecer J ceifar J debulhar A engavelar Se vindimar O revolver N semear De n Deus pra nos Dos fracos não reza a história.
Filhos criados trabalhos dobrados.
Enquanto o pau vai no ar folgam as costas.
Dinheiro e santidade é metade de metade.
Do cerejo ao castanho bem eu me amanho; do castanho ao cerejo mal me vejo.
É como a senhora da aldeia quando tem sapato falta-lhe a meia.
Quem muito fala muito erra.
O saber não ocupa lugar.
Cada tiro seu melro.
Cada cavadela sua minhoca.
Nunca faltou um chinelo roto pra um pé descalço.
Quem o feio ama bonito lhe parece.
Se dum lado chovr do outro troveja.
Mais vale tarde do que nunca.
S. Nicolau neve no pau.
S. Nicolau esteve três dias em cima dum pau para mandar um dia mau.
Fraco é o burro que não pode com a albarda.
Ovelha que berra bocado que perde.
De pequenino se torce o pepino.
Quem anda à chuva molha-se.
As boas contas fazem os bons amigos.
Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
Guarda o que não presta encontrarás o que precisas.
Guarda sempre que comer nunca guardes que fazer.
São contas de outro rosário.
Albarda-se o burro à vontade do dono.
Logo se vê na aragem quem vai na carruagem.
Dá Deus as nozes a quem não tem dentes.
Filho és pai serás como fizeres assim acharás.
Olha sempre pró que eu digo nunca olhes pró que eu faço.
Nas costas dos outros miramo-nos nós.
Tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia lá fica a asa.
Quem sai aos seus não degenera.
Quem ao moínho vai enfarinhado sai.
Mais vale burro que me leve que cavalo que me derrube.
Na aflição e no perigo conhece-se o amigo.
Quando não o dão os campos não o dão os santos.
Abril chuvoso Maio ventoso e Junho amoroso fazem o ano formoso.
Árvore ruim nunca dá bom fruto.
Amigo fiel e prudente vale mais que parente.
Não deites foguetes antes da festa.
Para amigo incerto um olho fechado e outro aberto.
Os melhores foguetes são para o fim do arraial.

5 comentários:

gringo disse...

Lindas imagens.! Faco um apelo, para aqueles que Lebucao lhes diz alguma coisa, que sejam um pouco mais participativos.um abraco para toda a freguesia

Armando Sena disse...

Acho que esta iniciativa é de grande valor cultural.Mais uma sugestão: "Um pega, outro carrega e outro mira se vai bem". Esta era a definição da inutilidade. Muita gente para fazer pouca coisa.

Armando Sena disse...

Mais um: Neve de Fevereiro derrete-a a velha com um peido.

Zita disse...

Olá Graça!
A partir deste momento vou seguir este blog, pois é sempre bom estar a par do que se passa na nossa terra.
Parabéns pela iniciativa.
E aí vai mais um para acrescentar à lista
"No tempo do nabo não te fies no estrelado"

Graça Gomes disse...

Olá Zita! Bem-vinda a este espaço que, quero, seja de todos. Estou grata pelo apoio e pelo contributo. Nunca tinha ouvido este provérbio, que acho interessantíssimo. E vai, direitinho, fazer companhia aos outros...
Um beijo.