Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mais um Dia de Trabalho


A srª Maria regressa a casa ao fim de um longo e duro dia de labuta. É assim todos os dias, na companhia do fiel amigo. Com esforço, dedicação e canseira vai tirando da terra o pão de todos os dias.

Um verdadeiro hino de amor ao trabalho!

(Perante este quadro só me ocorre o célebre poema de Zeca Afonso, A Mulher da Erva.)


A Mulher da Erva



Velha da terra morena

Pensa que é já lua cheia

Vela que a onda condena

Feita em pedaços na areia

Saia rota

Subindo a estrada

Inda a noite

Rompendo vem

A mulher

Pega na braçada

De erva fresca

Supremo bem

Canta a rola

Numa ramada

Pela estrada

Vai a mulher

Meu senhor

Nesta caminhada

Nem m'alembra

Do amanhecer

Há quem viva

Sem dar por nada

Há quem morra

Sem tal saber

Velha ardida

Velha queimada

Vende a fruta

Se queres comer

À noitinha

A mulher alcança

Quem lhe compra

Do seu manjar

Para dar

À cabrinha mansa

Erva fresca

Da cor do mar

Na calçada

Uma mancha negra

Cobriu tudo

E ali ficou

Anda, velha

Da saia preta

Flor que ao vento

No chão tombou

No Inverno

Terás fartura

De erva fresca

Supremo bem

Canta rola

Tua amargura

Manhã moça

..nunca mais vem


Zeca Afonso


3 comentários:

Paulo Chaves disse...

Um célebre poema/canção de Zeca Afonso, perfeitamente adaptado à situação. E ainda dizem que não há coincidências. Até sempre, Graça.

Bruno Salvador disse...

Uma excelente fotografia acompanhada de um belo poema.
Um enquadramento perfeito...
Vejo que a Prof. Graça se está a tornar uma verdadeira profissional.

PS (Esta fotografia é digna de registo, parabéns)

Graça Gomes disse...

Muito eu tenho aprendido contigo, Bruno!
O mestre é do melhor e, modéstia à parte, a aluna também aprende bem.
Um beijo