Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um Forte Nevão Pintou Lebução de Branco


Quando faltam ainda uns dias para o Inverno se instalar, Lebução acordou coberta de branco, querendo isto dizer que, mais uma vez, o calendário foi fintado.

O primeiro nevão, aqui, antecipou-se ao Inverno e deixou tudo a tiritar de frio.

Os meteorologistas já a vinham anunciando (neve) há dias, aludindo a uma massa fria empurrada por "nuestros hermanos", confirmando que «de Espanha nem bom vento nem bom tempo».

Durante toda a madrugada nevou o bastante para dar à paisagem este aspecto único e deslumbrante.

Fica um lindo e sentido poema de Augusto Gil, muito oportuno para o tempo que faz e para a quadra que atravessamos.


Balada de Neve



Batem leve, levemente,

como quem chama por mim...

Será chuva? Será gente?

Gente não é, certamente

e a chuva não bate assim...


É talvez a ventania;

mas há pouco, há poucochinho,

nem uma agulha bulia

na quieta melancolia

dos pinheiros do caminho...


Quem bate, assim, levemente,

com tão estranha leveza,

que mal se ouve, mal se sente?

Não é chuva, nem é gente

nem é vento, com certeza.


Fui ver. A neve caía

do azul cinzento do céu,

branca e leve, branca e fria...

Há quanto tempo a não via!

E que saudade, Deus meu!


Olho-a através da vidraça.

Pôs tudo da cor do linho.

Passa gente e, quando passa,

os passos imprime e traça

na brancura do caminho...


Fico olhando esses sinais

da pobre gente que avança,

e noto, por entre os mais,

os traços miniaturais

de uns pezitos de criança...


E descalcinhos, doridos...

a neve deixa inda vê-los,

primeiro, bem definidos,

- depois em sulcos compridos,

porque não podia erguê-los!...


Que quem já é pecador

sofra tormentos... enfim!

Mas as crianças, Senhor,

porque lhes dais tanta dor?!...

Porque padecem assim?!


E uma infinita tristeza,

uma funda turbação

entra em mim, fica em mim presa.

Cai neve na natureza...

-e cai no meu coração.


Augusto Gil

1 comentário:

Leandro disse...

que fotos lindas!!! muito obrigado por este presente de natal antecipado :)