Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um Terreno em Nozelos


Comentando este blog, o meu amigo Afonso Carneiro, deixou uma pergunta a que eu vou responder agora:
O lugar onde o rebanho pastava fica do lado oposto ao teu terreno. Entre eles, o ribeiro, que seca no Verão e atropela tudo nos invernos chuvosos.
Para ti vai o retrato e um poema de Miguel Torga.
Mensagem


Vinde à terra do vinho, deuses novos!
Vinde, porque é de mosto
O sorriso dos deuses e dos povos
Quando a verdade lhes deslumbra o rosto.
Houve Olimpos onde houve mar e montes.
Onde a flor da amargura deu perfume.
Onde a concha da mão tirou das fontes
Uma frescura que sabia a lume.
Vinde, amados senhores da juventude!
Tendes aqui o louro da virtude,
A oliveira da paz e o lírio agreste...
E carvalhos, e velhos castanheiros,
A cuja sombra um dormitar celeste
Pode tornar os sonhos verdadeiros.


Miguel Torga

2 comentários:

Afonso Carneiro disse...

Graça,
Sei que a perspicácia e a inteligência são caracteristicas que usas a teu favor, por isso apenas te digo obrigado.
Retribuo com outro poema de Miguel Torga que conheci na minha meninice e que me diz muito:


Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

Um beijo
Amiga Graça.

Graça Gomes disse...

Olá, Afonso!
Está tudo bem contigo?
Gostei, gostei muito do poema de Miguel Torga, que me enviaste.
Oportuno e certeiro! Este escritor/poeta é dos meus preferidos. E esse poema lindo, traz-me óptimas recordações. Fazia parte do plano curricular de leituras da quarta classe.
Ouvi-o muitas vezes, mas é sempre mais agradável quando o recebemos das mãos de um amigo.
Beijo