Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 24 de abril de 2010

Homenagem a um Homem Bom e Solidário


A aldeia de Lebução, representada pela sua Junta de Freguesia, homenageou um filho desta terra, Job de Almeida Lavrador, atribuindo a uma rua o seu nome ( Rua Capitão Job Lavrador).

O Capitão Lavrador era um Homem solidário e generoso.

No âmbito da sua actividade profissional, pertencia à "Justiça Militar", orientou a vida a muitos soldados ajudando todos quantos dele se abeiraram e foi distinguido com as mais variadas condecorações.

Partiu novo, muito novo, quando havia ainda tanto a fazer em prol dos mais desfavorecidos,
e deixou-nos envolvidos numa névoa de saudade.
Eu, tenho que o dizer, sinto um orgulho enorme por o incluir na minha família, naquela que eu estimo e prezo.

4 comentários:

Arminda disse...

Olá Graça:
Lembro-me bem do Job e sou testemunha do apreço que a Graça tinha por ele. Era um bom homem. Partiu cedo mas, estou certa, será sempre lembrado com saudade.
Um beijo
Arminda

Afonso Carneiro disse...

Bom dia Graça,
É com tristeza que vejo, que após mais ou menos 24 horas o JO Lavrador (Sim, JO era assim que era tratado em Lebuão)tem apenas um comentário de uma Senhora que não é de Lebução, mas deve ser boa e justa.
A nossa terra às vezes tem dificuldade em homenagear os BONS e os JUSTOS, até na homenagem instituicinal foi dado o seu nome a uma rua pequenina...
Apenas a tua homenagem amiga é oportuna (25 de Abril), no teu comentário não fazes referência à sua postura em termos de 25 de Abril, mas digo eu, ele é um filho da Madrugada, ele é um militar de Abril,já que na Justeza das suas atitudes lhe fervia nas veias um sangue puro e bom e por que não dize-lo, Revolucionário.
Capitão Lavrador, você era um altruísta por excelência e talvez por esta razão o colocaram ao fundo da mesa...
Até sempre.
Afonso Carneiro

P.S. Apesar de termos um apelido comum não havia relação de perentesco, talvez muiiiiito afastado.

Luís Filipe Gomes disse...

O meu tio era um homem íntegro como poucos. Hei-de recordar sempre aquele homem generoso que ajudava todos os que dele precisavam.
Foi e será uma referência na minha vida.

Rui Sarmento disse...

Para o Capitão Lavrador, um homem de ideias avançadas e práticas solidárias, dedico este poema, o meu tributo e a minha homenagem a um amigo que partiu.

Poema de Abril


A farda dos homens
voltou a ser pele
(porque a vocação
de tudo o que é vivo
é voltar às fontes).
Foi este o prodígio
do povo ultrajado,
do povo banido
que trouxe das trevas
pedaços de sol.

Foi este o prodígio
de um dia de Abril,
que fez das mordaças
bandeiras ao alto,
arrancou as grades,
libertou os pulsos,
e mostrou aos presos
que graças a eles
a farda dos homens
voltou a ser pele.

Ficou a herança
de erros e buracos
nas árduas ladeiras
a serem subidas
com os pés descalços,
mas no sofrimento
a farda dos homens
voltou a ser pele
e das baionetas
irromperam flores.

Minha pátria linda
de cabelos soltos
correndo no vento,
sinto um arrepio
de areia e de mar
ao ver-te feliz.
Com as mãos vazias
vamos trabalhar,
a farda dos homens
voltou a ser pele.

Sidónio Muralha