Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A chuva caíu sobre os campos


As nuvens do entardecer, carregadas, cor de cinza, muito escuras, anunciavam a chuva que o povo há muito esperava. Pareciam querer empurrá-la, com pressa, para as terras sequiosas que o Verão ajudou a crestar.

O primeiro relâmpago rasgou o céu e iluminou a minha casa, seguido do ribombar surdo do trovão que abanou tudo.

Fortes bátegas de água começaram a cair no meu quintal e a desaparecer na terra, ávida e sedenta!

E eu, debruçada na minha varanda, pude ver como a terra absorvia, sôfrega, a água que a cobria como um manto.

Embrenhada nos meus pensamentos, com a chuva, trazida pelo vento, a molhar-me o rosto, e os relâmpagos a ziguezaguear pelo céu, fui recitando, baixinho, esta oração que ouvi, vezes sem conta, à minha mãe.




Santa Bárbara se vestiu e calçou

Santo caminho andou

Jesus Cristo encontrou

Onde vais Bárbara santa?

Vou ao céu Meu Senhor
Tu ao céu não irás
Neste mundo ficarás

Pra afastar as trovoadas

que no mundo estão armadas
Leva-as pró monte maninho
Onde não haja pão nem vinho
Nem bafo de menino
Nem galo a cantar
Nem coisa a que faça mal.








9 comentários:

Leandro Afonso disse...

adoro quando chove e troveja assim em Lebução e posso ficar a ver caír a chuva e os relampagos a rasgarem o céu! apesar de tudo, dá uma sensação de paz interior!

beijinhos!

Unknown disse...

Olá Graça!

Belo texto!

Beijos

Susana Martins

Graça Gomes disse...

Olá Leandro, olá Susaninha!
Bem vindos e um beijo grande.

Armando Sena disse...

Finalmente chegou a tão ansiada chuva. Espero que não tenha feito estragos.
O texto está muito bonito, parabéns.
Acho piada em relação à oração a Santa Bárbara, eu aprendi uma completamente diferente e ali tão perto...
beijos

Graça Gomes disse...

Já tenho saudades tuas, Armando.
Há quanto tempo não estou contigo!
Um beijo.

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
em Vilarandelo, a trovoada chegou de manhãzinha...
bela oração!
abs

Anónimo disse...

Abre-se o Blogue.
O prelúdio musical logo anuncia a poesia que ecoa por estas páginas.
O título da de hoje revelou-nos a melodia das palavras que se seguiam.
A fotografia ilustra o texto.
E o texto explica a fotografia.
“O…relâmpago … a minha casa” e lembrámo-nos da “residência Jas de Bouffan”, de Paul Cézanne.
E não é o Post(al) de hoje uma Pintura?!
E não é Lebução um retiro ( uma Todtnauberg) onde a inspiração se recolhe e aonde o conhecimento deseja ir matar a sede?

Tupamaro

Graça Gomes disse...

Gostei, Tupamaro, gostei muito do seu comentário. Este, sim, um poema de exaltação, que deixaria qualquer um derretido.
Eu não sou excepção.
Volte, porque é sempre bem vindo.

Lamartine DIas disse...

Bela inspiração, sim senhora!! E bem que precisamos desta chuva que nos dá esta água preciosa, a nós e aos campos.