Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Não fomos à Feira do Folar





“LINDAS VISTAS”




Lindas vistas!
O Miradouro de S. Lourenço ali estava a recomendar-nos uma paragem, na subida para S.Julião de Montenegro.
Nem vivalma se pressentia pelos arredores.
Ficámos absorvido pelo regalo de olhar a NOSSA TERRA até horizontes tão distantes. Olhávamos cada quadradinho da natureza humanizada e cada enclave ainda rebelde à mão e ao pé do homem, como a querer catalogá-lo ou encaderná-lo numa perpétua memória.
Dali, do Miradouro de S. Lourenço, apanham-se bem as caras e as coroas dos solstícios e dos equinócios da Normandia Tamegana.
E até as páginas da História nos parece estar a ser desfolhadas ali, à nossa frente.
E que bem nos estava a saber a brisa levezinha, subida do nosso Tâmega!

-Lindas vistas!

De repente ficámos até sem saber onde estávamos!
Nem demos conta do roncar nem do estacionamento do Porshe Carrera, ali ao lado do nosso «funcemina».
Que diabo se passava connosco? – perguntámos para dentro de nós.
Fizemos peito, e respondemos:
- Bom-dia! Sim, senhor! É o que se está a ver!

-Há anos que aqui não passava. Mas este é um lugar que nunca cai no esquecimento.
Hoje está um dia lindo, cheio de sol.
Da última vez que aqui parei vi, daqui, a maior colcha de algodão açucarado do mundo. Parecia-me estar a mais de dez mil metros de altitude, a espreitar pela janela dum Concorde a deslizar sobre um campo de algodão em rama.
O frio cortava os ossos. Mas a lembrança da lareira que nos esperava em Águas Frias confortou-nos para um bocadinho mais demorado na contemplação desse tecto falso de uma verdadeira civitas romana.
E hoje!...

- As vistas são mais lindas! - interrompemos.
Júlio Verne, se aqui tivesse vindo, teria escrito um “Volta ao Mundo em 180 graus” - brincámos.
A gente vem aqui, abre os braços, fecha-os devagarinho, aperta-os contra o peito e fica com aquele gosto de alma como quando se abraça uma criança e se lhe diz: - “xi-coração! Peito de rola sabe a leitão”!

-Caramba! Olhe que é mesmo assim! Como se lembrou tão bem desse sentimento!

(Confessamos o pecado: - ficámos com uma, não, com duas pontinhas de vaidade.
Para os que não sabem, isto de se ser Transmontano tem muito que se lhe diga. Entre outras, faz-nos ser gente com mais melindre).

E respondemos:
-Somos todos tão apaixonados por cada cibinho da NOSSA TERRA que até, há dias, um negociante de batata francesa e espanhola, lá no Litoral, nos dizia:
- Batata boa p’ra comer é a de Chaves. Mas é difícil negociar com eles. Falam dela como se fosse barras de ouro, e pedem muito por ela.

- Olhe, amigo, não sei se é do pote, se é da lareira, se da lenha com que arde o lume, se da água, do sal ou da cozinheira. Mas lá que umas batatas cozidas na casa dos meus amigos aqui de CHAVES me sabem pela vida, lá isso em lugar nenhum tem comparação.
E, no prato, com uma alheira (das reais - nada de bacAlheiras!) e uns Grelos, regadinhos com azeite da Terra Quente, e um carolo de pão centeio!....

…...Vai p’ra cima ou vai p’ra baixo?!

- P’ra cima.
Até Valpaços.
Vamos à procura de «Milhos com costelinhas e assadura de sorça na brasa» e «bolo de castanha».

- Que me diz?! – gemeu, berrou, gritou; arrepelou os cabelos!
Há que tempos não provo nem cheiro disso!
Vindo de Bragança, em Lebução meti pela Pardelinha, até Vilarandelo, para fazer aqui uma sacramentada paragem, e perdi Valpaços.
Bem, bem, valha-me ao menos que tenho à minha espera um cabrito e um cordeiro assados no célebre Forno de CASTELÕES.
Vê?! – apontou, esticando o indicador do braço direito estendido. Daquele mamilo arrebitado, a que chamam Monte Agudo, também se desfruta uma panorâmica de enlevo.

Enlevo, «milhos», assadura, cordeiro no Forno!....

Caríssimo, está na hora de abalar. Ainda quero passar na “Loja dos Prazeres” para me desougar de um «Pastel de Chaves». Claro que dou sempre conta de dois!

Trocámos uma mãozada, e só houve tempo para lhe corrigir: - “Prazeres na Loja!”.
Metemo-nos na nossa «funcemina», fomos por ali acima com a água a crescer na boca, passámos por entre as Casas dos Presuntos, tirámos um retrato à frontaria da Igreja de S. Julião, e em Vilarandelo já nos chegava o cheirinho de …ora deixa cá ver….. de« arroz de fumeiro»!.....
Ou seria «Maçã assada com Geropiga»?!......

Daqui p’rà frente, “nem vos digo nem vos conto”!

………Mas que o Branco (fresquinho) das “Encostas de Sonim” combina uma maravilha com o “Folar do Moutinho”, lá isso não se pode deixar de dizer!


Tupa


D. Graça
Não fomos à Feira do Folar.

Mas faz de conta.

Enganámos a vontade de ter ido com as visitas aos Blogues Valpacenses.

E, imaginando uma ida, «saiu-nos» o texto que anexamos.

Claro que a nosssa frustração é que ditou o acento no assento do Miradouro de S. Lourenço e no disfarce insinuado do último bocadinho do texto. Se lhe merecer a edição numa das caixas de comentários dar-nos-ia satisfação.

Saudações amigas do Luís






1 comentário:

Eugénio Borges disse...

Simplesmente divinal!