Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Caminhos de amoras e de saudades







Tomam cor as amoras, suportadas pelas heras, nas margens dos caminhos estreitos, quando o sol amanhece mais cedo e os dias entram pelas noites.
Vagueamos, como tantas vezes, por esses caminhos de amoras, com sabores e cheiros de infância, ouvindo o coaxar das rãs, nos lagos e nas poças saltando, assustadas, à nossa passagem. Sabores eternos, nas margens dos caminhos, trazidos pelo vento, pelo sol, pelo luar, pelas montanhas, pelas neblinas, pela chuva...
Canções de afectos, canções de embalar, pairam pelos ares, poisam nas montanhas mais altas, como sementes de alegria a aguardar a colheita da vida.

E, nós, vamos, saboreando as palavras, mensagens de alento que lançavas como quem semeia sonhos ... que transformavam o meu mundo, previlégio de beber essas palavras, esse saber, essa calma, essa paz.

E na alma ficam as cicatrizes e as memórias desses caminhos de amoras que percorremos...

Ontem partiste para o mundo das estrelas, onde nasce o canto das aves.

E, mais uma vez, eu fiquei órfã.





















3 comentários:

João C. Branco disse...

A vida é o dia de hoje,

A vida é ai que mal soa,

A vida é sombra que foge,

A vida é nuvem que voa;

A vida é sonho tão leve

Que se desfaz como a neve

E como o fumo se esvai;

A vida dura um momento,

Mais leve que o pensamento,

A vida leva-a o vento,

A vida é folha que cai!



A vida é flor na corrente,

A vida é sopro suave,

A vida é estrela cadente,

Voa mais leve que a ave;

Nuvem que o vento nos ares,

Onda que o vento nos mares,

Uma após outra lançou.

A vida - pena caída

Da asa de ave ferida -

De vale em vale impelida

A vida o vento a levou!

Joaninha voa voa disse...

Desenganos, traições, combates, sofrimentos,
Numa vida já longa acumulados, vão
— Como sobre um paul contínuos sedimentos,
Pouco a pouco envolvendo em cinza o coração.

E a cinza com o tempo atinge uma espessura
Que nem os mais cruéis desesperos abalam;
É como tenebrosa, impávida armadura
Ou couraça de bronze em que os golpes resvalam.

Impermeável da Inveja à peçonhenta bava,
Nela a Calúnia embota os seus dentes ervados;
Não há braço que possa amolgá-la, nem clava
Que nesse duro arnês se não faça em bocados.

E no entanto, através dessas rijas camadas,
Ou rompendo por entre as juntas da armadura,
Escorrem muita vez gotas ensanguentadas
Que o coração verteu dalguma chaga obscura...
(António Feijó)

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
Um Abraço.