Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Discurso do Senhor Presidente do Município, Engenheiro Francisco Tavares, na Cerimónia de Inauguração do Centro Escolar de Valpaços

( Foto de Drª Manuela Tender)


Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva
Excelentíssima Senhora Doutora Maria Cavaco Silva
Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Municipal
Excelentíssima Senhora Professora Responsável pelo Agrupamento Escolar
Senhores Deputados
Senhores Presidentes de Câmara
Senhores Vereadores
Reverendo Padre Manuel Alves
Senhores Presidentes de Junta
Senhores Membros da Assembleia Municipal
Autoridades Civis, Militares e Religiosas
Representantes dos Serviços Desconcentrados do Estado
Minhas Senhoras e meus Senhores








Há 26 anos que exerço as funções de Presidente da Câmara Municipal de Valpaços. Assisti, ao longo deste percurso a grandes transformações na vida dos portugueses. Assisti também, ao despertar do sonho de uma vida melhor, de mais crescimento e a um maior desenvolvimento social, com melhorias significativas na qualidade de vida dos valpacenses. A sociedade da abundância como foi caracterizada e que vingou por muitos anos, parecia não ter limites, gastou-se quando não se necessitava, esbanjaram-se recursos, criaram-se hábitos de vida artificiais, vivendo muitas vezes acima das nossas posses. Os alertas que despertavam na sociedade por espíritos atentos e conhecedores do rumo que o país levava, não eram tidos em conta, agiu-se e conduziram os governos a uma gestão da sociedade de forma autista, mantendo a ilusão por melhores dias, sem sustentabilidade real, empobrecendo-se com a aparência da grandeza que se teimava em dar.
O recurso ao dinheiro fácil, assistido nalgum projecto comunitário e que a banca teimava em financiar, era uma saída bem sucedida de angariar recursos financeiros sem os ver repercutidos em riqueza que o mesmo devia criar. Hoje, caímos em nós, e se queremos afirmar a nossa autonomia e independência impõe-se que mudemos de rumo e que vivamos de acordo com as nossas posses.
Assisti, de uma forma especial, ao desenvolvimento do mundo rural que até aos anos setenta e cinco, era desprovido de condições dignas de vivência humana, surgindo a partir daí, com os impulsos da democracia e recursos que o estado soube criar e, também com o apoio comunitário a uma verdadeira revolução, que alterou por completo toda a vivência do mundo rural.
Quando assumi a Presidência da Câmara de Valpaços fui confrontado com a construção de escolas primárias, havia vida e gente, mas não havia condições de suporte, nem de estruturas, que sustentassem uma vida melhor. A agricultura era e é riqueza concelhia e sustento das famílias que compunham o mundo rural.
Foram grandes as transformações operadas, dotou-se o concelho com saneamento, abastecimento de água, electrificação rural, arruamentos, melhores acessibilidades, centros de dia e de noite, arranjos de espaços rurais enquadrados nas modernidades dos tempos de hoje, sem descaracterizar o meio e a história desses lugares. Apoiaram-se as associações, clubes que trazem vida à comunidade, mas apesar de todo o esforço feito tornamo-nos incapazes de estancar o êxodo rural e a desertificação humana do nosso concelho. Vivemos esta triste realidade extensiva a todos os municípios do interior.
A forte mecanização da agricultura, principal riqueza da região, a quebra da natalidade e a formação (educação de muitos dos residentes), foi razão pela qual, muitos abandonaram o seu espaço natal e tentaram encontrar trabalho de acordo com a formação adquirida, rumando a outros lugares, onde sustentam o sonho e a auto-estima da sua realização pessoal.
A par do desenvolvimento do mundo agrícola houve também o desenvolvimento urbano muito significativo, bem visível no crescimento da nossa cidade, com o incremento do sector terciário. Há 25 anos a mão-de-obra no sector primário representava 75% de população, hoje apenas 30% se dedica a esta actividade, não obstante uma forte redução na mão-de-obra, que não interferiu na riqueza e produção, tendo esta aumentado significativamente. Diga-se, que o concelho produz 50 milhões de euros de riqueza primária, sendo o vinho, o azeite, a castanha e amêndoa os principais produtos.
Os valpacenses trabalham e esperam desse trabalho a recompensa para que as suas vidas sejam melhores, ultrapassam as dificuldades do dia-a-dia com alguma resignação e até frustração mas não desistem, lutam e vencem afirmando-se no país e no mundo.
São muitos os vultos que pelo seu valor, competência e capacidade se diferenciam na sociedade. Figuras que se orgulham das suas origens e que são orgulhosamente reconhecidas pelos valpacenses, destaco entres muitas, Durão Barroso, Assunção Esteves, Luís Vieira, Carlos Lage e aqueles que têm aqui ligações familiares, tais como Costa Andrade e Lurdes Pássaro, e outros ligados ao mundo empresarial no país e no estrangeiro, sendo portadores de hábitos de trabalho e de carácter, que teimam em vencer as adversidades da vida, criando riqueza e trabalho nas empresas que têm.
Senhor Presidente da República, desenvolve a Câmara Municipal, no âmbito das suas funções, um vasto ramo de actividades que passam por dotar o concelho de melhores infra-estruturas, potenciando condições para o progresso e para que o desenvolvimento prossiga e o nível da comunidade seja melhor.
Este centro escolar que vossa excelência inaugura, reforça Valpaços de um parque escolar moderno que sirva de forma capaz a população estudantil.
À parte deste, outras têm sido construídas ou melhoradas, tal como as básicas e secundária local, ficando todo o parque escolar moderno e servido por uma boa rede de transportes escolares. A complementar estas instalações desenvolve-se a construção de um gimnodesportivo aberto não só à escola, mas também à comunidade, estará concluído no início do próximo ano.
Também foi melhorada toda a envolvente urbana da cidade integrando-se completamente no sistema urbano que a autarquia definiu. Foi grande o esforço financeiro para que esta construção fosse ultimada, com encargos acrescidos com a zona envolvente e a construção do gimnodesportivo perfazendo um total de 5 milhões de euros, só possível com a comparticipação de fundos comunitários que o estado pôs à disposição e em que a Câmara Municipal comparticipou na devida proporção.
Estas instalações como Vossa Excelência verificou são modernas e todos os profissionais que nela trabalham ou estudam devem cuidar deste bem.
A conservação e despesa corrente que esta estrutura acarreta deve ser minimizada ao máximo. A autarquia tem as transferências financeiras do estado fortemente reduzidas e entende que, tem que fazer parte do esforço nacional da redução da dívida pública, por isso, poupar e combater o desperdício devem ser incutidos a todos os utilizadores desta escola.
“Quanto menos dinheiro se gastar hoje, menos impostos pagaremos amanhã ”. Como exemplo direi: a Câmara Municipal tomou há vinte anos uma medida: desligar a partir da uma da manhã a luz pública das aldeias, com esta atitude poupou durante este anos 10 milhões de euros, muito dinheiro que foi utilizado em investimentos e em outros bens do município
No que diz respeito à concretização da obra, destaco o empenho das empresas construtoras e dos seus trabalhadores que se esforçaram para a realizar atempadamente. Agradeço à equipa de projecto toda a criatividade posta no mesmo e à equipa técnica da câmara com os seus técnicos e colaboradores que acompanharam e fiscalizaram devidamente o desenvolvimento da mesma,
a todos bem Haja.
Senhor Presidente da República, é grande o esforço que a Câmara Municipal desenvolve para ir de encontro à satisfação dos munícipes, dotando o concelho de condições que o tornem motivador e integrador de vivência social. Desenvolve a autarquia serviço de proximidade, sendo a instituição, que melhor conhece e sente a vida do cidadão e a grandeza de melhor servir e satisfazer os desejos da comunidade.
Todos os autarcas que se prezem manifestam esta postura perante os seus eleitores.
Valpaços, como Vossa Excelência sabe, faz parte dos Municípios do Alto Tâmega e, todos os seus autarcas, têm sabido defender os interesses dos seus concelhos sem nunca descurar o espaço regional do Alto Tâmega, em que se integram.
São vários os bons exemplos que estes municípios têm dado ao País, e que muitas vezes não têm a repercussão que deviam, pelo benefício que representam.
Sempre soubemos desprezar a ideologia ou os interesses partidários, procurando a força motivadora e impulsionadora para a realização de projectos que favorecem-se os cidadãos, e o mais emblemático de todos foi a constituição de uma sociedade de produção de energia eléctrica, sendo este objecto principal que permitiu a construção de uma série de parques eólicos e mini-hídricas que representam já mais de 80 Mega watts de produção, resultando um valor financeiro anual equivalente a 15 milhões de euros, sendo o valor comercial da empresa avaliado em 100 milhões de euros .
Valeu a pena apostar neste tipo de aproveitamento de recursos endógenos no espaço do Alto Tâmega, com resultados que se repercutem na distribuição de dividendos para os munícipes que são utilizados no desenvolvimento social.
São inúmeros os bons exemplos de gestão integrada dos seis concelhos e que permitiram, com a ajuda dos proveitos desta sociedade, tornar sustentável algumas das actividades que as autarquias promovem, como a realização de certames e eventos que potenciam a economia local.
Felicitem-se os autarcas que souberam ter a visão de desenvolvimento integrada e que sacrificaram alguns investimentos nos próprios concelhos para ter uma empresa que a longo prazo será uma mais-valia na sustentabilidade do desenvolvimento regional.
Senhor Presidente da República, é altura também de trazer à memória um pouco do percurso que Vossa Excelência fez na vida pública e que se relaciona com o nosso concelho. Por aqui passou em duas visitas oficiais na qualidade de Primeiro Ministro de Portugal. Por aqui passou também várias vezes ao longo destes 26 anos, em acções política partidárias ou portador de um projecto de afirmação Portugal.
Nessas passagens sempre os Valpacenses estiveram presentes manifestando-lhe coragem, confiança e apoio, sempre que solicitado e expresso de forma inequívoca, em resultados. Teve a nível nacional das melhores votações, senão a melhor, quando sufragado nas urnas.
Da primeira visita, que ocorreu em Fevereiro de 1989, tenho bem presente a moldura humana que o esperava na praça do município, terminando o Senhor Professor o seu discurso:” dizendo que levava Valpaços no Coração”.
Na segunda visita oficial, como Primeiro-ministro, realizada dia 31 de Julho de 1993 e, em que procedeu a uma série de inaugurações, no seu discurso terminava dizendo que “tinha boas razões para continuar a levar Valpaços no coração.”
Senhor Presidente da República, esta será concerteza a última visita oficial que faz a Valpaços e será uma das últimas cerimónias oficiais em que eu também estarei presente, agradeço a visita de Vossa Excelência e à semelhança das outras visitas que fez, desejo que Valpaços fique guardado no seu Coração.








(Visita do Senhor Presidente da República: Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva a Valpaços 16 de Setembro de 2011)



5 comentários:

Anónimo disse...

É lamentável que tenham impedido ou aconselhado os antigos funcionarios do hospital a manifestar-se aquando da visita do Sr. Presidente da Republica. Vergonhoso ao melhor estilo do caciquismo que também vemos na Madeira, aliás, o nosso buraco democratico e igual ou pior que o deles. obrigado

Graça Gomes disse...

Os funcionários do Hospital não se manifestaram, provavelmente, porque entenderam que não era o momento oportuno. Entre impedir e aconselhar vai um abismo, tão grande, como a incompreensão deste anónimo que compara Valpaços à Madeira...
Perdoai-lhe Senhor, porque ele não sabe o que diz!

Anónimo disse...

Uma coisa é aconselhar e outra é impedir. Mas aconselhados a não se manifestar porquê? Não era o momento oportuno porquê? Não estamos num país livre e democrático? Não seria a altura certa para chamar a atenção do problema? Fosse o problema na educação e lá estaria o prof. mario Nogueira acompanhado de mais professores a manifestarem-se livremente como se vê em todo lado... Os funcionários ou quem quis manifestar-se foi mal aconselhado e ninguém tem o direito de aconselhar ninguém que passa fome e tem que emigrar daqui pra fora a não se manifestar.

Anónimo disse...

Este anónimo é um imbecil pau mandado da Ema

Graça Gomes disse...

O que é certo é que o nosso Presidente brindou os presentes com um brilhante discurso - bem estruturado, claro, coerente, sintético e, sobretudo, muito emotivo.
Parabéns Srº Presidente!