Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Discurso do Senhor Presidente do Município, Engenheiro Francisco Tavares, na Cerimónia de Inauguração da Biblioteca Municipal de Valpaços



INAUGURAÇÃO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL, 31/10/2011

Conheci Assunção Esteves, no liceu nacional de Chaves, como então era conhecido. Nessa época, as opções de escolha dos alunos do ensino secundário eram apenas duas, a opção de letras e a opção de ciências.
Drª. Assunção Esteves, escolheu a “opção de letras”, justificando já nessa altura, a opção tomada, acentuada pelo gosto da leitura já revelado no Lar Amor de Deus de Valpaços, onde a par do brilhantismo da sua carreira estudantil, adquiriu uma sólida formação moral, cimentada no ambiente familiar em que vivia.
A Drª. Assunção Esteves aprendeu aqui em Valpaços que os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas, mas também é verdade que os livros mudam as pessoas.
A biblioteca itinerante da Gulbenkian era consumida em leitura, ajudando a valorizar e a consolidar os conhecimentos que ia adquirindo.
Concluído o liceu, ruma a Lisboa deixando o seu saudoso espaço natal e familiar e encontrando na faculdade o refúgio onde valoriza o estudo, premiado pela licenciatura de Direito Constitucional.
Entretanto abraça as ideias que a revolução de Abril espelha e cedo despertou para o gosto da política, sendo fortemente influenciada pelas convicções familiares de apego às causas da liberdade e da democracia.
É dessa altura, o contributo em muitos dos encontros sociais-democratas, revelando uma oratória fácil, convincente e inspiradora, que motiva a confiança dos cidadãos.
Foi essa idade, o melhor dos tempos; foi a época de acreditar.
Perspetivando já aí o futuro promissor que a esperava.
Concluído o curso de direito é eleita deputada pelo Partido Social Democrata para a Assembleia da República e desenvolve no parlamento um intenso trabalho que culminou com a 1ª. Revisão Constitucional, tão importante para a afirmação do primado do direito, desmarxizando a constituição.
Recordo-me de algumas das suas intervenções, que pela elevação técnica e política e da forma inteligente como eram presentes, não arrebatavam da oposição a defesa convincente, acabando por imperar a argumentação e a substância das propostas por si defendidas.
Foi sem dúvida, a figura parlamentar que emergiu vitoriosa dessa revisão constitucional, que o tempo porventura esquece mas que a notoriedade e prestígio parlamentar então adquiridos, levaram à escolha entre os pares, para Juíza do Tribunal Constitucional, sendo a 1.ª mulher em Portugal a assumir tal cargo.
Durante 9 anos, desenvolve trabalho profícuo, em que a análise e o rigor interpretativo e a clarividência jurídico-constitucional, na fundamentação das decisões tomadas, granjearam uma enorme respeitabilidade entre os colegas que faziam parte desse Órgão Constitucional.
Terminadas, as funções constitucionais, é eleita deputada no parlamento europeu, diferenciando-se nas suas intervenções a favor dos direitos humanos e na defesa dos direitos e garantia dos cidadãos.
Depois de terminado o mandato no parlamento europeu e depois de um curto interregno, regressou ao Parlamento após a última eleição para a Assembleia da República e nesse mesmo Órgão, é eleita Presidente da Assembleia da República, sendo a 1.ª mulher em Portugal a assumir tão alto cargo de Estado, para orgulho dos Valpacenses e para prestígio de Portugal.
Em si, Senhora Presidenta, muito espera o País, muito pela necessidade de afirmar credibilidade e confiança.
Vê-la na Presidência da Assembleia da República, é ver este Órgão de Soberania renovado, com espirito aberto e ambiente parlamentar atento aos novos desafios, e onde a dinâmica da sociedade, obriga ao percutar das sensibilidades e vontades que essa sociedade é portadora.
Vivemos nas constantes incertezas que politicas económicas implementadas, não sustentam o modelo social em que vivemos.
O projeto europeu que a Sr.ª Presidenta tão bem conhece, em que todos acreditavam, parece sucumbir perante o desviar do rumo que o conteúdo dos diversos tratados definiu.
As sucessivas etapas da construção europeia e que levaram à criação da cidadania europeia e que foram conquistas, que reforçaram a paz e a prosperidade, parece que regridem e não aparecem as soluções para os graves problemas em que mergulhamos.
A existência de políticas comuns que envolvem vários Estados, como a livre circulação de bens e pessoas, a existência de uma moeda única, as mesmas política agrícola e política externa, foram conquistas que já faziam parte do quotidiano dos cidadãos e que foram um avanço civilizacional da europa.
Estes sintomas agravam-se e vive o nosso país com a soberania económica e financeira em causa, dependendo de recursos à ajuda financeira externa, para assumir os encargos que o estado social foi criando.
Os tempos não são fácies, e devem nesta altura os Órgãos do Estado, estar unidos em volta de um projeto comum que una os portugueses, afirmando a autonomia e independência que tanto prezamos.
Srª. Presidenta,
As funções que desempenha, a nada e ninguém são indiferentes. Tudo o que o país seguir, todas as decisões tomadas, todos os caminhos na procura de soluções para bem de Portugal, passam pelo contributo de V.Exca e do Órgão que representa.
Por isso a expectativa em si depositada é grande, mas conhecendo a sua capacidade e inteligência e a sua determinação, dão-nos confiança e razão para afirmar que vai ter sucesso.
Como sabem, há muitos anos que conheço a Drª. Assunção Esteves, conheço muito o seu pensar, a sua sensibilidade social, a preocupação que sente com os injustiçados da sociedade.
Conheço a sua força anímica, a luta por afirmar valores, defendendo sempre o mérito e a capacidade na assunção da valorização pessoal e profissional.
Na vida pública, vingaram estes princípios, não precisando da lei da paridade ou das quotas para se afirmar na vida politica.
As ideias que lança na sociedade, por vezes sem a pompa ou circunstância que só alguns sabem dar valor, foram sendo fermento que criaram na comunidade respeitabilidade e confiança.
Sei do esforço desenvolvido na ajuda da aplicação da justiça para quem a procura, mas por razões de natureza material, esta esteve ausente.
Conheço também as preocupações com a sua terra natal, com as suas gentes.
Quando algum acontecimento surge em Valpaços, vive-o da mesma forma que os residentes. São as preocupações do hospital, com o arranjo urbanístico da nossa cidade, não esquecendo a sua história e a sua grandeza.
É um exemplo de mulher que luta pela afirmação dos seus princípios e valores, e que hoje é homenageada, por todos os valpacenses.
Há concerteza muitos que gostariam de estar presentes mas por razões de natureza pessoal ou profissional não lhes é possível, entre eles os seus saudosos pais, que orgulhosos do seu percurso de vida, aqui estariam presentes sentados nesta assembleia e de forma emocionada reconhecendo todo o valor que a sociedade lhe presta, mas também reconhecendo todo o apoio, carinho e afeto que esta sua filha lhes dá.
É esse viver enraizado a Valpaços que orgulha os Valpacenses e a mim de forma especial, que lhe querem mostrar gratidão atribuindo uma nobre distinção concelhia.
Tal distinção foi objeto de deliberação decidida por unanimidade em reunião da Câmara Municipal realizada no dia 20/10/2011, em que consta os seguintes dizeres:
Considerando que no próximo dia 31 de Outubro do corrente ano, Sua Excelência Presidente da Assembleia da República, Dra. Maria da Assunção Andrade Esteves, virá a convite deste Município, inaugurar a Biblioteca Municipal de Valpaços.
Considerando tratar-se de uma visita de uma ilustre Valpacense que ocupa um cargo de grande relevo nacional, o que constitui um facto histórico por se tratar da primeira mulher a presidir àquele órgão de soberania.
Considerando que a Dra. Maria da Assunção Andrade Esteves tem elevado e dignificado de forma incontornável o nome de Valpaços, Cidade e Concelho que a viu nascer, pelas várias missões de responsabilidade que lhe foram cometidas, entre as quais, se destacam o exercício das funções de Juíza do Tribunal Constitucional e de Eurodeputada.
Considerando que ao longo da sua vida esta ilustre Valpacense procurou difundir os valores da liberdade, da moral e do direito, sempre defendendo a cidadania, a solidariedade e o prestigio das instituições, constituindo motivo de orgulho e congratulação para todos nós.
Considerando que se trata de uma pessoa de grande prestigio pois é portadora de elevados conhecimentos jurídicos e uma notável experiência institucional ao serviço do país e que muito honra o concelho de Valpaços e os Valpacenses.
Considerando que o mérito excecional com que tem desempenhado as suas funções merece por parte do Município de Valpaços a devida homenagem com a atribuição da mais alta distinção, propõe-se:
A atribuição da Chave de Ouro da Cidade de Valpaços a Sua Excelência Presidente da Assembleia da República, Dra. Maria da Assunção Andrade Esteves.

Paços do Concelho de Valpaços, 18 de Outubro de 2011.

Creia Drª. Assunção Esteves que a decisão por nós tomada é a expressão do povo que nela se



revê, e se orgulha do percurso, valor e grandeza de tão ilustre portuguesa e valpacense.

O Presidente da Câmara
Francisco Baptista Tavares (Eng.º)


















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