Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 19 de novembro de 2011

Mais chuva





A chuva, ou a ausência dela, foi, desde sempre, a principal preocupação dos lavradores, aqueles homens que, com trabalho e suor, vão rasgando a terra, para a verem desabrochar nos frutos da sua esperança.

Longe vão os tempos em que se faziam "Ladaínhas", procissões de penitência, para abençoar os campos, torná-los produtivos, livres de qualquer praga.

No Brasil, segundo a canção de Chico Buarque, recorre-se a uma prática muito antiga, enraízada no povo, que consiste em mudar os Santos de lugar, que é como quem diz, de Igreja, para concederem as preces que lhes são imploradas pelos fiéis. Até lá Eles, Santos, permanecerão fora dos Seus altares:


A Permuta Dos Santos


(Chico Buarque /Edu Lobo


São José de porcelana vai morar
Na matriz da Imaculada Conceição
O bom José desalojado
Pode agora despertar
E acudir os seus fiéis sem terra, sem trabalho e pão


Vai a Virgem de alabastro Conceição
Na carroça para a igreja do Bonfim
A Conceição incomodada
De escutar nossa oração
Nos livrar da seca, da enxurrada e da estação ruim


Bom Jesus de luz néon sai do Bonfim
Pra capela de São Carlos Borromeu
O bom Jesus contrariado
Deve se lembrar enfim
De mandar o tempo de fartura que nos prometeu


Borromeu pedra-sabão vai pro altar
Pertencente à estrela-mãe de Nazaré
A Nazaré vai de mudança
Pro mosteiro de São João
E o Evangelista pra basílica de São José


Mas se a vida mesmo assim não melhorar
Os beatos vão largar a boa-fé
E as paróquias com seus santos
Tudo fora de lugar
Santo que quiser voltar pra casa
Só se for a pé.














2 comentários:

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
interessantes mudanças!
abs

Anónimo disse...

Gostas deste? beijos...

(Outono.
(A palavra é cansada...)
Tudo a cair de sono,
Como se a vida fosse assim, parada!

Nem o verde inquieto duma folha!
O próprio sol, sem força e sem altura,
Olha
Dum céu sem luz e levedura.

Fria,
A cor sem nome duma vinha morta
Vem carregada de melancolia
Bater me à porta.)
Miguel Torga