Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dos Santos ao Natal é Inverno natural






Paisagens de Inverno






I



Ó meu coração, torna para trás.

Onde vais a correr, desatinado?

Meus olhos incendidos que o pecado

Queimou! o sol! Volvei, noites de paz.

Vergam da neve os olmos dos caminhos.

A cinza arrefeceu sobre o brasido.

Noites da serra, o casebre transido...

Ó meus olhos, cismai como os velhinhos.

Extintas primaveras evocai-as:

_ Já vai florir o pomar das maceiras.

Hemos de enfeitar os chapéus de maias.

_ Sossegai, esfriai, olhos febris.

_ E hemos de ir cantar nas derradeiras

Ladainhas...Doces vozes senis..._




II



Passou o outono já, já torna o frio...

_ Outono de seu riso magoado.

llgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...

_ O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio,

Fugindo sob o meu olhar cansado,

Para onde me levais meu vão cuidado?

Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando,

E, debaixo das águas fugidias,

Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?

_ E, refratadas, longamente ondeando,

As suas mãos translúcidas e frias...

Camilo Pessanha













2 comentários:

Anónimo disse...

Do Grande Miguel Torga para ti:


A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.

No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu 'sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
belo poema!
abs