Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 24 de dezembro de 2011

Era véspera de Natal



Era véspera de Natal. Crianças e adultos percorriam as ruas comerciais da cidade à procura dos últimos presentes. As ornamentações das montras e das ruas, a música natalícia, o cheiro a castanhas assadas pintam a cidade com os sons e as cores de Dezembro.
Nesta azáfama, o presépio é talvez o sinal menos importante do Natal, nos tempos de hoje. O Natal da minha infância recorda-me a importância e o valor simbólico do presépio. Dezembro era tempo de desembrulhar as imagens em barro do Menino, das ovelhinhas, dos Reis Magos. Era o tempo de correr pelos montes e lameiros à procura do musgo que cercava o estábulo onde o Deus Menino nasceu.
Hoje essa fantasia e esse mistério deram lugar aos presépios da vida real, escondidos entre a azáfama das compras, do consumo e do supérfluo. Recordo uma cena passada numa noite de Natal há poucos anos. Num café da cidade do Porto, talvez o único aberto nesse dia, assisti à recriação do Presépio no verdadeiro sentido cristão. De Repente ouvia-se os gemidos de mulher de uma das casas de banho. Constrangidos o proprietário e os clientes procuraram saber o que se passava dentro daquela exígua casa de banho. De repente a porta abriu-se e eis que surge um cenário absolutamente inesperado. Estava ali um presépio real. Aquela jovem mãe tinha dado à luz uma criança. A história veio depois. Aquele menino era filho de um pai desconhecido e de uma das muitas mulheres sem-abrigo que pululam nas nossas cidades. Estou certo que aquele Menino tem muitas semelhanças com O que nasceu em Belém dois mil anos antes.
Todos os dias se erguem estes presépios no meio das nossas vidas, das nossas ruas, do nosso mundo.

(Fonte: Vítor Hugo Jornalista da RTP)














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