Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Uma Lição é mais do que uma Missão








O Prazer de olhar o Passado com olhos postos no Futuro

Uma Lição é mais do que uma Missão

Quando li, algumas folhas do livro “As palavras e o Sonho”, que contam histórias e poemas das crianças, regressei à minha infância e a saudade invadiu a minha consciência.
Também nessa escola estudei e aprendi, com outros métodos, os mesmos ensinamentos.
Nela, li e aprendi a recitar alguns poemas, simples, que tanto representavam para nós, alunos obedientes, trabalhadores, que os decorávamos e depois, orgulhosamente, recitávamos aos nossos familiares.
Lembro-me desses tempos, dessa infância feliz, que o tempo levou, ano após ano, e já não volta.
Lembro-me dos colegas de carteira, do tinteiro de tinta azul, do mata-borrão e da caneta de aparo, do Inverno que nos fazia tremer de frio…
Como tudo mudou para os dias de hoje…
Como se alteraram os conceitos, as vivências, como mudaram as condições de vida desse povo que tanto para mim representa, os lugares que eram comuns e que eu percorri, rua abaixo e rua acima, becos, eiras e cantos pouco cuidados, onde os carros de bois, à porta das casas, eram cartões-de-visita.
Recordo os colegas de carteira que partiram para outras terras, dos mais idosos que nos aconselhavam e que tanto respeitámos… hoje já poucos são os que cruzam comigo as ruas desta terra.
Hoje, nos dias de festa, matamos saudades no convívio fraterno, revivemos o passado que não volta, discutimos os acontecimentos de outrora com o sentimento de serem presentes.
Essa escola, minha escola, da qual guardo tantas recordações…
Quando li alguns poemas deste livro lembrei-me da saudosa professora que nos desafiava a fazer poemas em dias de festa como no “Dia da Mãe”. Ainda hoje guardo um ou outro, não pelo valor da escrita, mas ,ais com saudade e nostalgia dum tempo que já não volta…
Saudade das brincadeiras, que com colegas, nada preocupados com o futuro, nos divertíamos jogando futebol, ou arvorados em valentões, fazíamos autênticas tropelias, só próprias dessa idade.
Que saudade desses que comigo, mais de perto conviveram e hoje já partiram…
Que revolta, drama e insegurança, era ver partir amigos para a guerra, acompanhando-nos sempre a incerteza do seu regresso.
Aqueles que partiam para outras paragens, à procura de melhores condições, já que a nossa terra não correspondia ao sustento que a vida exige.
Que saudades do toque das trindades, das aulas da catequese, das mulheres piedosas que com ritual sagrado preparavam as orações, alimentando a nossa estima e amor a Deus.
Que saudades da minha escola, que hoje me deram a oportunidade de reviver.


Este foi a nota que o Presidente da Câmara de Valpaços deixou no livro “As Palavras e o Sonho”, publicado em 2002 com o apoio do município e cuja iniciativa partiu da Professora Graça Gomes a qual, volvidos muitos anos de total entrega e dedicação ao ensino, assumiu como desafio a compilação de alguns textos e poesias dos seus alunos. Não obstante, o edil quis reforçar o seu agradecimento à docente ressalvando o desejo “que este livro sirva de homenagem a todos os professores que dedicam todo o seu trabalho a preparar um futuro melhor para os nossos filhos”.

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