Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 20 de janeiro de 2013

Uma cancela e muitas recordações




Entro em Faiões, com o coração em alvoroço, e, já na Ponte, o meu olhar detem-se no ribeiro que corre, agora, mansamente, espreguiçando-se, sem pressa de chegar. Por cima de nós, o céu azul onde, por vezes, aparece uma nuvem branca, tão branca como as pedras que o ribeiro vem polindo, ao longo dos anos!
Abro a cancela de mansinho e já estou no mundo das padeiras e das lavadeiras, que fizeram das águas desta terra uma maneira diferente de ganhar o pão.
Depois é o desenrolar do tempo, entre o amassar e o bater da roupa nas pedras do ribeiro. Pelo meio ficam os campos, onde se gastam os dias e as vidas, para lhes tirar, com a força do corpo, os frutos de muitas canseiras.

"Nunca voltes ao lugar onde já foste feliz."
Mas eu quero voltar para, descalça, meter os pés na água do ribeiro e correr, até cansar, atrás dos patos;
molhar as bolachas, nessas águas transparentes, antes de as comer, sentada numa pedra;
correr para a Horta do Ribeiro, trepar a cancela e comer figos até não poder mais!
(A srª Hermínia, do António Gaio, dizia que eram os melhores, porque tinham as raízes nas águas.)
Calcorrear ruas e becos, sempre a correr, e subir as Fragas, para ver a prima da minha mãe, a tia Rosinha, a mulher mais doce que já conheci, apesar das adversidades com que a vida a presenteou.
E quando começar a escurecer, eu fecho a cancela, porque o meu pai já está lá em cima, na estrada, à nossa espera, e à espera que o motor do Prefect arrefeça para aguentar a estrada até Lebução.
Quando o meu pai olha para a minha mãe, já dentro do carro, diz com uma certa ironia, que, sempre deixa a minha mãe zangada:
Hoje estás contente, já foste "dar os dias santos à Ponte"...













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