Abro a cancela de mansinho e já estou no mundo das padeiras e das lavadeiras, que fizeram das águas desta terra uma maneira diferente de ganhar o pão.
Depois é o desenrolar do tempo, entre o amassar e o bater da roupa nas pedras do ribeiro. Pelo meio ficam os campos, onde se gastam os dias e as vidas, para lhes tirar, com a força do corpo, os frutos de muitas canseiras.
molhar as bolachas, nessas águas transparentes, antes de as comer, sentada numa pedra;
correr para a Horta do Ribeiro, trepar a cancela e comer figos até não poder mais!
(A srª Hermínia, do António Gaio, dizia que eram os melhores, porque tinham as raízes nas águas.)
E quando começar a escurecer, eu fecho a cancela, porque o meu pai já está lá em cima, na estrada, à nossa espera, e à espera que o motor do Prefect arrefeça para aguentar a estrada até Lebução.
Quando o meu pai olha para a minha mãe, já dentro do carro, diz com uma certa ironia, que, sempre deixa a minha mãe zangada:
Hoje estás contente, já foste "dar os dias santos à Ponte"...



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