Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 22 de fevereiro de 2014

ALDEIAS, altares onde se celebram, de alma e coração, as virtudes



“ALDEIAS”
Se queres ser universal
começa por pintar a tua aldeia.
- LeonTolstoi




Agora, quando as ALDEIAS estão vazias de crianças e de jovens, e cheias de tristezas e de ruínas; quando nelas vai mingando o número de resistentes - idosos e doentes, quando as Casas estão certificadas pelo seu padrão térmico e alfabeto de poupança de energia; quando o número numa porta, de casa, de adega, de corte ou de cortinha, passou a ser mais importante do que o nome das pessoas que a habitam ou a quem pertencem é que os presidentes, tesoureiros e secretários e comissários dos partidos políticos, ministros, secretários de estado, deputados, vereadores, e provedores de eleitores (minúscula intencional), de contribuintes, de cidadãos põem os caminhos e as ruelas das ALDEIAS pintados com alcatrão, decoradas com tampas do Saneamento, de Águas pluviais; da EDP, da Cabovisão, do Gás, dos Telefones; sinalizadas com placas de vários formatos e com nomes ao gosto do capricho politiqueiro; ocupadas por Paragens de Autocarros, sinais de trânsito e painéis publicitários ou de propaganda politiqueira;ocupam os baldios com reservas de caça; concedem reserva de pesca a regatos onde a truta, a boga, o escalo e a lontra são condenados à extinção; e consentem os outeiros debastados do seu mato e arvoredo para dar lugar a modernos moinhos de vento - quem nem farinha nem farelo produzem, e que apenas servem para soprar ventos financeiros favoráveis aos seus «agapitos».
E deixam que Capelas, nichos e alminhas; cruzeiros e pelourinhos; fontes, “cegonhas”; castros e dólmens, moinhos, açudes e pontes definhem com a idade e as intempéries … e o seu mau-olhado!
Abatem-se ALDEIAS, na Província, para se «plantarem» Bairros Sociais, na metrópole!
A liberdade e a independência do ALDEÂO não convêm aos desígnios dos tiranos.
A fidelidade e a subserviência passam pelo certificado do favor político de um «caixote» ou de um «tacho».
Acabaram com os guarda-rios, os rondistas da floresta, os cantoneiros, os varredores de ruas, os contínuos, os porteiros, os guardas-nocturnos - os rios e ribeiros são canais de esgoto; as florestas, montes de cinza; as valetas, montes de lixo e silvedo; as ruas, latrinas a céu aberto; os recreios, ringues de pugilato e cacetada; as entradas, sem serventia; as noites, horas de assaltos e roubos!
A caminho, estão a acabar com Escolas e Professores - estão a fazer destes mais escriturários de estatísticas e a acomodá-los à ideologia vigente.
Acaba-se com a Educação e o Ensino. “Aprofunda-se” a instrução …. mas uma “CERTA” instrução!....
Aos modernos politicastras e neo-estafadores, o respeito, a honradez, a dignidade, a competência, só são medidos pelo grau de satisfação dos seus mesquinhos interesses.
Para os «neo-cons» e salafrários que conseguiram deitar a mão às rédeas do poder, as ALDEIAS, altares onde se celebram, de alma e coração, as virtudes; onde se bendiz o céu e a terra; onde o amor, a justiça e a verdade são doutrina, representam o perigo que lhes pode tirar a terra debaixo dos pés.

Nas ALDEIAS Portuguesas ainda se podem buscar e encontrar práticas e modelos de um ideal cívico, e «riscos e sombras que ficaram de cortesãos antigos e tradições suas», aos quais podemos amparar-nos «para protecção da Língua e da Nação Portuguesa»!
Neste «Inverno do nosso descontentamento» são ainda as nossas ALDEIAS, «feitas Corte com homens e mulheres de tanto preço», o lugar de eleição onde o passar dos anos nos faz desejar nelas passar os que nos «ficam de vida»!
Nas ALDEIAS, o Eu e o Outro são o verdadeiro NÓS!
Nas ALDEIAS, o Sujeito tem sempre Predicados!


M., 17 de Fevereiro de 2014
Luís Henrique Fernandes






















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