Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

terça-feira, 15 de abril de 2014

A tradição dos folares e o jejum da Quaresma



A tradição dos folares e o jejum da Quaresma


As tradições dos ovos e coelhos da Páscoa, bem enquadradas no espírito consumista dos nossos dias, nada têm a ver com as raízes nacionais. São importadas de outras culturas, com reminiscências pagãs, associadas ao culto da fertilidade, sem origens definidas, que tanto podem vir da Europa Oriental como da China.

Em Portugal, sobretudo em Trás-os-Montes, a tradição gastronómica incide sobre a confeção dos folares. São particularmente famosos os de Vinhais, de Valpaços e de Chaves. Após o prolongado jejum da Quaresma, os folares aparecem recheados das melhores carnes que, ao longo de semanas, estiveram arredadas das mesas transmontanas.

Note-se, contudo, que a relação do “folar” com a tradição pascal vai para além desta especialidade gastronómica. O folar é também a prenda, geralmente em dinheiro, que os padrinhos dão aos afilhados, após receberem o ramo benzido no “Domingo de Ramos”. Mas é também a colheita remuneratória dos párocos, feita nesta altura do ano, junto das famílias, e traduzida numa expressão ainda hoje conhecida: “tirar o folar”.

                                             ( Texto de Alexandre Parafita)
























1 comentário:

Anónimo disse...

Numa pequena franja transmontana, era uso e costume, no Domingo de Páscoa, os Padrinhos darem aos afilhados, chamando-lhe «folar», uma “ROSCA” (Regueifa).
Se a madrinha fosse abastada, a «ROSCA» podia ser tão grande, tão grande, que deslizava, desde a cabeça do afilhado até aos pés, com mais franqueza do que, por exemplo, uma «aliança de comprometida» pelo dedo da «mais-que-tudo«»!

Luís Fernandes