Somos transmontanos e gostamos da terra. Temos uma relação de amor e cumplicidade com a natureza, que todos os dias nos surpreende e deslumbra.
Na nossa região vive gente de fibra, habituadas a enfrentar as agruras da vida, fazendo das fraquezas força e da tristeza alegria. O povo das nossas aldeias desafia a falta de maquinaria agrícola, a falta de mão de obra, valendo-se da entreajuda, a que o nosso povo chama torna- jeira.
Toda a região transmontana é marcada por ancestrais práticas comunitárias. Este tipo de relacionamento interpessoal é mais do que um ideal de vida ou uma forma de estar em sociedade , deriva acima de tudo da necessidade de entre-ajuda na labuta rural, na labuta do dia a dia.
As práticas comunitárias sempre existiram nos trabalhos agrícolas bem patentes nos trabalhos ligados à colheita do cereal, no nosso caso o centeio, típico de zonas frias, e cultivado em solos arenosos e poucos férteis.
Com o amadurecer do cereal é necessários ceifá-lo, as segadas faziam-se no regime de torna jeira, O proprietário do cereal tinha a seu cargo a alimentação e as bebidas para todos. Assim, de forma mais ou menos ordenada se faziam as segadas de toda a aldeia.
Seguia-se a acarreja, transporte do cereal para as eiras, tarefa em que a entreajuda era ainda mais indispensável. Por último temos as malhadas, o cereal era separado da palha. Há muitos anos, este trabalho era feito manualmente, com a ajuda de uma rudimentar alfaia a que chamavam malhos.
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