Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Guida, a pastora de ovelhas




Venha até à veiga de Nozelos/Tinhela, e viva a vida de pastor, junto dos muitos que apascentam os seus rebanhos por esses lugares ! O romantismo que sentimos pelas funções do pastor, o jeito com que os poetas e os escritores as pintam,  não tem nada a ver com a vida de outros tempos, muitos anos atrás. Houvesse chuva ou vento o pastor tinha de ir para o monte! Tinha por companhia as ovelhas, o pífaro, feito, dum modo rudimentar, duma haste de castanheiro, o cão e os jogos tradicionais. Na sacola levava pão, toucinho e pouco mais. Água, havia de a encontrar pelo monte, na cova de uma pedra ou em qualquer regato. Lá diz o povo - "água corrente não mata a gente".
O frio dos invernos rigorosos  era suportado com o peso de um cobertor, tecido nos teares do lugar, que o pastor trazia pelas costas, atado com um cordel.

Ontem, quando passei em Tinhela, parei junto da Guidinha, a pastora, que concretizou o sonho de  um dia ter um grande rebanho. Manifestou-me essa vontade, esse sonho, várias vezes, e das mais diversas maneiras, enquanto aluna da escola onde eu ensinava, a escola da nossa terra.
 Andei um pouco com ela, pelos caminhos de Tinhela, enquanto conversávamos.
Pude constatar que quando se caminha na companhia de um rebanho, a paisagem revela-se de outra forma. A fauna olha para nós como elemento do rebanho. Mostra-se, como a querer dizer - estou aqui.
 O ritmo das ovelhas, sempre paciente, sempre cadenciado, permite-nos respirar a natureza momento a momento, com luz e penumbra, em quadros sonorizados pelo silencioso rebuliço do tilintar dos chocalhos.
De regresso a casa não me saía da ideia o provérbio, que na minha terra anda de boca em boca:
Vida de pastor é vida de doutor.




























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