Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Rocas, míscaros, boletos, laranjinhas, frades, pinheiras, tortulhos e santieiras





Por todo o país, muitos são os apreciadores que percorrem pinhais, soutos eucaliptais, e outros terrenos, para colher silarcas, míscaros, tortulhos, boletos, laranjinhas, frades, pinheiras, tortulhos e outros cogumelos silvestres comestíveis. Porém, a actividade de recolha de cogumelos silvestres, que tanto prazer proporciona a todos os apreciadores, pode acarretar sérios riscos, pois várias espécies, consideradas tóxicas ou mortais, produzem cogumelos bastante semelhantes aos comestíveis.
A partir de finais de Setembro, quando vêm as primeiras chuvas, os tortulhos, rocas ou frades, começam a aparecer pelos campos da minha terra.
São conhecidos por "frades", por se encontrarem aos pares, mas também há que lhes chame "tortulhos", "rocos", "púcara", "marifusas", "santieiras" etc. É um dos cogumelos mais recolhidos em Portugal, e deve-se à sua abundância e à facilidade no seu reconhecimento, o que faz com que muitas pessoas se fiquem pela recolha desta única espécie.
Estes "Frades" ou "Tortulhos" podem ser cozinhados de várias formas, mas o mais usual é grelhado nas brasas depois de serem temperados com um pouco de sal e um fio de azeite.
O nome santieiros dado a estes cogumelos, advém do facto de costumarem brotar por altura dos Santos, ou seja, na proximidade do dia 1 de Novembro, data em que se comemora o Dia de Todos os Santos. Este ano, por ter sido um ano chuvoso, os santieiros apareceram um pouco mais cedo, tendo estas duas últimas semanas sido pródigas na sua apanha.

Quando falamos em campo, e na vida camponesa, há palavras que nos vêm à mente: solidão, abandono, desertificação e tantas outras, relacionadas. Para mim, viver no campo, em contacto permanente com a natureza, é algo de que não abdicaria por nada no mundo, porque a natureza, na sua grande generosidade, vai-nos compensando, todos os dias, de qualquer falta.
E não há nada que se possa comparar a esta paz do campo, onde até das pedras desabrocham flores.




























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