Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 3 de maio de 2015

Hoje é dia da Mãe e nós estamos em Faiões





De olhos fechados, como num sonho, recordo um passado, histórias de simplicidade e ternura, que vai ficando cada vez mais distante, mais esbatido, onde a figura da minha mãe está sempre presente. E as imagens sucedem-se com uma velocidade assustadora.

Do alto dos Mouchos, dos nossos Mouchos, ao lado da minha Mãe, o meu olhar estende-se pelo vale, e detém-se em Faiões, na Ponte e no ribeiro, que corre, agora, mansamente. Por cima de nós o céu azul onde, por vezes, aparece uma nuvem branca, tão branca como a roupa estendida ao sol, depois de ter passado pelas águas do ribeiro, e pelas mãos de quem sabe.
Desço até à Ponte, sempre ao lado da minha Mãe, e já estou no mundo das padeiras e das lavadeiras, mulheres que fizeram das águas deste ribeiro, desta terra, uma maneira diferente de ganhar o pão e de gastar os dias.
E eu, entro no mundo da minha Mãe, descalça, meto os pés na água do ribeiro e corro atrás dos patos.
Sento-me numa pedra, a ver correr a água. Ao mesmo tempo vou molhando as bolachas, antes de as comer, bolachas com que o Totó Melão, o nosso inquilino, me enchia as mãos, sempre que eu ia a Faiões. A minha Mãe assiste ao "piquenique", de olhar doce e sorriso rasgado.
Corro para a Horta do Ribeiro, trepo a cancela e como figos até não poder mais!
Entro, de mão dada com a minha Mãe, na casa da amiga de sempre, a srª Cândida Fernandes, e assisto a toda a azáfama, a toda a labuta, desses dias sem fim, com a srª Cândida, essa grande senhora, sempre na linha da frente, sempre a marcar o ritmo do trabalho.
E quando começa a escurecer, levanto os olhos, e vejo o meu pai, lá em cima, na estrada, à nossa espera, com o capot do Prefect aberto, para o motor arrefecer e aguentar a estrada até Lebução.
Quando o meu pai olha para a minha Mãe, já dentro do carro, diz com uma certa ironia, uma doce ironia:
Hoje estás contente, já foste "dar os dias santos à Ponte", A minha mãe ignora a provocação, o que não é habitual.
Mas, quando tivermos andado meia dúzia de quilómetros, eis que surge a pergunta:
Manuel, quando voltamos?
O meu pai, com uma sonora gargalhada, responde:
se quiseres, voltamos já para trás...
Abro os olhos, lentamente, para não apagar estas imagens que eu quero, para sempre, no coração e na memória.
Hoje é Dia da Mãe, dia da minha Mãe.
Para ela, para a Minha Mãe, um beijo grande, imensamente grande, infinitamente grande, do tamanho da minha saudade.

































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