Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 22 de agosto de 2015

E, nos campos nascem roseiras bravas e malmequeres amarelos, em todas as Primaveras




Os primeiros raios de sol descem sobre a cancela, que emerge da terra, entre as pedras da parede e o caminho do cansaço. Vai despertando, lentamente, entre uma cortina de névoa matinal que a envolve e a faz anhinhar junto aos troncos dos carvalhos. E quando abrimos a cancela já estamos no reino da solidão e do silêncio, cortado, apenas, pela passarada que, ao desafio, vai afinando os seus trinados.
O castanheiro, companheiro de todos os dias, encosta-se à cancela, enquanto o seu tronco serve de suporte às heras que, vagarosa mas determinadamente, vão trepando até alcançar os ramos, numa confusão de verdes e de formas.

E a cancela  vai sonhando, ao sol, ao vento, à chuva, dolorosos sonhos que a envolvem num manto de saudade...
Quando se deixava dormir, à sombra, junto ao ribeiro, embalada pelo canto do rouxinol.
Quando a azáfama a cercava, num corre corre que só acabava quando as sombras tomavam conta dos caminhos e as primeiras estrelas apareciam no céu.
Quando os centeios marcavam a paisagem, com o seu ritmo ondulante.
Quando os rebanhos chocalhavam pelos caminhos e os pastores gritavam para os encaminhar.
Quando à noitinha, depois de um dia de trabalho, as pessoas se sentavam à porta de casa, em franco convívio.
Quando a terra se desdobrava em frutos, e as cantigas pontuavam os trabalhos agrícolas.
Quando em tempos de seca, o povo, organizava ladaínhas, pedindo aos santos a bênção da chuva.

Hoje não se ouve a turbulência de outros tempos, que enchia de vida os caminhos.
E, nos campos que não dão fruto, nascem roseiras bravas e malmequeres amarelos, em todas as Primaveras.




































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