Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sábado, 21 de novembro de 2015

O nevoeiro do meu descontentamento



Quando chega o Outono, mais do que em qualquer outra época do ano, acordamos com o nevoeiro a envolver-nos, como uma cortina gelada.
A minha terra e tudo em redor, cobre-se de um manto cinzento e espesso que esconde tudo. E é angustiante, uma pessoa não ver um palmo à frente do nariz, não saber o que se esconde do outro lado da cortina. Há pessoas a afirmarem que o nevoeiro lhes transmite uma sensação de paz e de tranquilidade. Quando muito, diria eu, curiosidade. Curiosidade em saber o que se esconde para lá da névoa, que nos perturba e baralha.
Eu gosto da minha terra. Gosto muito da minha terra. Gosto de assistir ao nascer do sol nos Outeiros e dos ocasos de fogo, quando o Verão nos aquece o corpo e a alma. Gosto dos sons que vêm da montanha, trazidos pelo vento, e que só entende quem aqui nasceu e vive. Gosto de me perder pelos caminhos estreitos, bordados de ervas daninhas, com marcas de pessoas e animais, marcas essas que perdurarão através dos tempos. E gosto, gosto muito, de subir ao Vale de Couce, como fazia o meu pai, sentar-me numa pedra e envolver-me nas memórias mais doces, mais ternas, que me levam sempre à casa paterna, porto de abrigo de todas as tormentas.
E é por isso que eu não gosto dos dias de nevoeiro, porque me privam daquilo que me faz verdadeiramente feliz. Até a passarada, que invade o meu quintal, à procura de alimento, porque a fome é negra, deixa de cantar, em dias de nevoeiro.








































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