Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 2 de março de 2016

Hoje é a noite da “Serrada da Velha”


Hoje é a noite da “Serrada da Velha”
Acontece na noite de 4ª feira a meio da Quaresma. Tem origem nos antigos ritos de passagem que simbolizavam a expulsão do inverno. A “velha” não é mais do que uma figura simbólica, uma entidade mítica, conotada com as agruras, a fome e a miséria do inverno. A serração é, pois, o resquício de um culto pagão que significa o esconjuro das trevas invernais, da esterilidade dos campos, almejando o rumo da luz esperançosa da primavera, o tempo da fecundação e procriação.
Os rituais variam consoante a dinâmica interpretativa da cosmogonia das comunidades. Em algumas, expõe-se num carro de bois um boneco de palha que é serrado e/ou queimado pelos rapazes com recitações versejadas de crítica social. Noutras, as mais comuns em Trás-os-Montes, são visadas as mulheres que no último ano hajam sido avós. Os rapazes, munidos de um embude, e serrando ruidosamente um toro oco de madeira, recitam as “toradas” à porta das visadas por vezes com severas críticas (“Ó tia Joana Micas / Vimos cá serrar-lhe as pernas / A ver se deixa de andar / Sempre a correr prás tabernas”).
Esta tradição foi levada para o Brasil no Sec. XVIII, contudo os excessos cometidos chegaram a tal ponto, que teve de ser aplicada uma postura legal proibindo os chamados “cerramentos de velhos” com uma multa de cinco mil réis aos infractores.

[É bom também saber que, hoje em dia, por cá muitas avós, algumas com 40 e poucos anos de idade, são ainda autênticas “raparigas”, mais ágeis do que muitos dos mafarricos que as vão serrar. Por isso, não raramente fazem desabar sobre eles um caneco de água fria, quando não a lavagem dos porcos… ou coisa pior.]

Alexandre Parafita





























































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