Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 24 de julho de 2016

Os movimentos sazonais da Cegonha branca



O fenómeno da migração das aves sempre suscitou muito interesse entre os Homens. Na Grécia antiga, Aristóteles avançou com três possibilidades para justificar o aparecimento e desaparecimento das aves em cada estação:

No séc. XVI foi encontrada uma cegonha no centro da Europa, que possuía uma ferida cicatrizada com um pedaço de flecha enterrada e originária de África. Foi assim possível, pela primeira vez, comprovar que as cegonhas atravessavam o Mar Mediterrânico. Iniciou-se então, com esta descoberta, o crescimento exponencial do interesse pelo fenómeno da migração, tendo-se começado a recorrer à anilhagem de aves para o estudo dos movimentos migratórios das espécies.

Os movimentos sazonais da Cegonha-branca e a sua conspicuidade atribuíram a esta espécie, desde tempos remotos, uma atenção popular muito particular. São vários os exemplos de significados atribuídos à chegada das cegonhas em Janeiro/Fevereiro e de ditos populares a eles associados:

. No concelho de Mogadouro, a Cegonha-branca aparecia, geralmente, em Fevereiro, pelo S. Brás (3 de Fevereiro); se nessa data não chegassem os casais desta espécie, era pronúncio de mau ano agrícola. Por isso, o povo dizia: “Pelo S. Brás a cegonha verás; se não a vires, mau ano terás”.

. Em Idanha-a-Velha o aparecimento da Cegonha-branca, nos fins de Janeiro, era motivo de alegria: “Lá vem a cegonha que traz um vintém no bico”. É que um grande proprietário local, o Sr. João dos Reis Leitão Marrocos, na época da chegada das cegonhas, passava a pagar mais um vintém por dia aos seus jornaleiros.

A associação milenar da Cegonha-branca ao nascimento de crianças está também intimamente relacionada com os seus hábitos migratórios. O seu regresso à Europa, para aqui se reproduzir, coincidente com a estação da Primavera, que simboliza o renascimento da vida, tornou esta espécie, ao longo dos tempos e até hoje, num símbolo de fertilidade.

A Cegonha-branca foi adquirindo assim, ao longo dos tempos, por todos os significados que lhe possam ser atribuídos, ao nível da consciência popular, uma importância significativa junto das populações, de forma que, apesar de perseguida por alguns, desde sempre lhe foi associada uma forte consciência de conservação. Segundo uma antiga tradição bragançana, por exemplo, matar uma cegonha era “crime de mão cortada”.
Fonte: Naturlink











































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