Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 23 de março de 2018

Quando os primeiros raios de sol beijam a cancela, ela espreguiça-se e dá as boas-vindas à manhã



Quando os primeiros raios de sol beijam a cancela, ela espreguiça-se, abre os olhos e, com um sorriso rasgado, dá as boas-vindas à manhã. A seus pés estão os campos verdejantes, caminhos onde nascem flores e um ribeiro de águas cristalinas, que espelham um céu límpido como elas. E há sons que emergem da terra, que a cancela ouve e repete baixinho, porque há muito os retém na memória:
O canto, os sons dos animais, os costumes, as tradições:
as cantigas à desgarrada associadas aos serões de Verão.
Os cantares, dolentes dos pastores, entoados, quase sempre, por duas vozes.
As cantigas das segadas e das malhadas, que envolviam alegres jogos de roda.
A água milagrosa das fontes de mergulho ou fontes do engaranho, com os rituais que abarcavam o tratamento e cura dessa maleita.
As rezas com que se começava e acabava o dia, e as que estavam ligadas aos trabalhos.
( Deus te salve saco
sete maquias te rapo
uma por te levar
outra por te trazer
.......................
.......................
E outra pró burro comer)


( S. Vicente te acrescente
S. Mamede te levede
S. João te faça pão
em honra de Deus
e da Virgem Maria
um Padre Nosso
e uma Avé Maria)

As crendices e superstições ( não semear durante a lua cheia, não começar nenhum trabalho ao sábado, não executar certas tarefas em dias nebulosos.)

Rezar para afastar as trovoadas:

(Santa Bárbara se vestiu e calçou
Santo caminho andou
Jesus cristo encontrou
Onde vais Bárbara santa?
Vou ao céu Meu Senhor
Pra afastar as trovoadas
que no mundo estão armadas...
....................................)
Foram essas belezas da tradição oral, transmitidas para outras gerações, numa cadeia interminável, que chegaram até nós.
Retratam o quotidiano de trabalho, duma gente humilde que enfrenta uma vida agreste, mas vai plantando na terra a esperança duma boa colheita.

(Esta postagem é um comentário, meu, no Blog Cancelas, do meu amigo Domingos Pires.)















































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