Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

terça-feira, 19 de março de 2019

19 de Março_Dia do Pai



Ao Meu Pai
Há um lugar que não acaba, na ânsia das palavras enlaçadas, nem desvia o seu percurso de longas madrugadas, e de tardes soalheiras, onde os velhos bebem o sol, lugar primitivo e absoluto. Lugar de partilha e de afectos, lugar eterno, se eternos podem ser os lugares.
Ensinaste-me a regressar e os meus passos perdem-se nos caminhos que tantas vezes percorremos. E quando já estou na Agueira, abro a memória dos dias, dos dias que vivemos, e mastigo essas páginas, esses sons, esses cheiros, que me levam até ti, Pai.
São coisas simples que procuro não esquecer. As coisas simples dos grandes dias que vivemos. Dos dias que não tinham fim. 
Estamos aqui, sentados à sombra da nogueira de olhos postos na poça de água, onde as rãs saltam e coaxam. O vento assobia baixinho, imitando por vezes o canto de aves sobrevoando-nos, e eu à procura de ti, Pai, olhando à minha volta, até o olhar se perder nos Outeiros.
Os pássaros, sobre a nogueira, e os seus trinados pedindo-me que restitua a Agueira dos outros dias, onde tu, Pai, estavas presente. Onde havia bulício, conversas, gargalhadas e, sobretudo, vida.

Ainda não é Primavera e, hoje, eu passei a tarde na Agueira, com as tuas memórias. Com as memórias de todos os dias, de todos os tempos, dos nossos lugares. 
Regressei a casa com a alma lavada, Pai. Em paz e apaziguada.















































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