Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

As Maias Entre Mitos e Crenças


No dia 31 de Março, Sexta Feira passada, no Pavilhão Multiusos de Valpaços, com início às 18horas, pudemos assistir à apresentação pública da obra de Jorge Lage, As Maias Entre Mitos e Crenças, que reuniu um número considerável de pessoas.

A apresentação da obra esteve a cargo do ilustre barrosão, Padre António Lourenço Fontes que prefaciou, também, o livro.

O Presidente do Município, Eng. Francisco Tavares, falou da cultura no nosso concelho e do incentivo e apoio do município para divulgar todas as manifestações culturais, seja qual for a sua vertente.

O autor fez uma breve resenha do conteúdo de As Maias...provocando, em todos nós, uma curiosidade que só será saciada quando chegarmos ao fim do último capítulo.






Jorge Lage apresenta-nos mais um livro de investigação etnográfica e histórica sobre um tema pouco conhecido, quase perdido pelos Portugueses. Vamos dá-lo a conhecer, reabilitar, introduzir nas escolas, associações e Municípios. Chama-lhe «As Maias entre mitos e crenças». Neste pormenorizado estudo das maias, o autor vai buscar as raízes mais antigas e profundas onde surgem e fazem parte da identidade cultural de povos europeus, e de uma forma particular na Galiza e em Trás-os-Montes. Vai à mitologia grega, celta, eslava e romana investigar mitos e crenças, de divindades que o cristianismo transformou em rituais cristianizados. São os meses de Maio e Junho e Dezembro que mais salientam as práticas embebidas de ligação ás forças da natureza mãe fecunda. São as maias que recebem o nome do mês que as caracteriza e como que diviniza, atribuindo-lhe poderes e significados e efeitos próprios dos deuses. Com as celebrações das Maias é a fecundidade da terra que surge em força, aroma e cor, após um longo Inverno, saindo de uma letargia profunda, para uma ressurreição festiva. O autor, Jorge Lage, percorre a Europa ocidental e pesquisa todo o território nacional, onde as manifestações lúdicas, agrárias e religiosas se manifestam nos começos de Maio. Nós próprios temos assistido no Barroso a celebrações dos primeiros dias de Maio e que entendemos deixar testemunho. Em Barroso, por exemplo, é no primeiro de Maio que se enfeita o chibo maior da vezeira, com verdes e flores para intregar a vezeira da cabras e ovelhas para começarem a roda, a vez. É dia um de Maio, em Pitões e Tourém que os pastores tocam as vacas e os cavalos à serra para ali pernoitarem livres e permanecerem até ao fim do Outono. Em Vilar de Perdizes, dia primeiro de Maio comem-se em jejum três castanhas para não doer a cabeça todo o ano. Dia três enfeitam-se as cruzes que há pelos campos com ramos e flores. Em Cambezes do Rio, dia três de Maio, dia de Santa Cruz, limpam-se as cruzes gravadas nos penedos a marcar os limites de cada uma. O ramo para protecção dos campos, casas e animais é de sabugueiro, sendo posto dia 23 de Junho e não em Maio por ainda não haver flores de giestas, ou maias. Serão as Júnias de Pitões? Em Soutelinho da Raia, concelho de Chaves, desfilam, à frente da procissão da festa do primeiro domingo de Junho, Adão e Eva vestidos de folhas de heras, ele de sachola em movimento e ela fiando linho e oferecendo a maçã a Adão. Mas é na província de Ourense, em Verim, Laça e Ourense, que os Maios têm mais fama e raízes mais profundas, com desfile de carroças, engalanadas de verdes e flores, em concorrido concurso. Maio é assim o mês da fecundidade da terra e da vida humana. Em Barroso contam-se os meses da gestação imprevista e para justificar os nove de gestação reinventam-se meses entre os meses. Abril, abrilete, e o mês que se lá mete? Maio, Miou, e o mês que passou? Junho, S. Joanás, e o mês em que nasce o rapaz? Aliás, o autor refere, também, nesta sua obra. Voltando à obra de Jorge Lage, mostra-nos outras facetas curiosas. A desconhecida gastronomia de Maio, os ditos exaustivos de Maio e cancioneiro de Maio são complementos que enriquecem este livro, que recomendamos a todos, mormente escolas, associações culturais e autarquias a fim de se preservar, reinventar, repor e dar continuidade a tradições seculares que ainda estão mergulhadas no subconsciente colectivo das gerações mais velhas e conservadoras.


Vilar de Perdizes, 24 de Junho de 2010

António Lourenço Fontes