Este texto não é mais do que um conjunto de reflexões e de ideias em relação ao concelho de Valpaços - terra que tão bem me soube acolher e adoptar.
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Tiveram lugar, em data recente, uma vez mais, as Festas do Concelho de Valpaços, em Honra da Nossa Senhora da Saúde.
Penso que, por um lado, não estamos a saber tirar partido dos milhares de forasteiros que, pelos finais de Agosto ou princípios de Setembro, nos visitam e que, por outro lado, em tempos de crise e de contenção, estamos a gastar mais do que devemos/podemos.
Entendo que não se justifica, nos tempos difíceis que vivemos, que 1/3 do orçamento das Festas (cerca de € 40000) tenha sido dispendido com a contratação de um músico ou grupo musical, sem qualquer tipo de contrapartida ou de vantagem, real e palpável, para Valpaços.
Nesta medida, segundo julgo, estamos a gastar com as Festas mais do que podemos/devemos.
Ainda no que respeita às Festas, entendo que os finais de Agosto/princípios de Setembro é a altura ideal para a dinamização da economia local e para a realização de uma mostra, global, dos nossos produtos.
A promoção dos nossos produtos - e, porque não, da nossa gastronomia - poderá/deverá ter lugar nos momentos em que, naturalmente, temos mais gente a visitar-nos.
Nesta perspectiva, será desejável que, nos próximos anos, essa mostra de produtos se realize, integrada nas Festas do Concelho.
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Quero, ainda, falar-vos do Monumento aos Combatentes do Ultramar, implantado na Rotunda da saída da cidade para Vassal.
Entendo, antes do mais, que é uma homenagem justa.
E as homenagens justas são intemporais; devem acontecer volvidos 2, 5, 10, 50 ou 100 anos; o que importa, realmente, é que se façam.
Para que a homenagem seja feita de forma plena e definitiva, só falta fazer constar naquela Rotunda o que me parece mais importante: a lista dos Valpacenses que perderam a vida em prol de ideais e valores que, ao tempo, eram defendidos e entendidos como os melhores para a nossa Pátria.
Só, desta forma, a homenagem é, realmente, concretizada.
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Por razões profissionais, não tive oportunidade de estar presente na inauguração do novo Centro Escolar de Valpaços.
Trata-se, no entanto, inegavelmente, de um conjunto de edifícios bonito, apelativo, “espraiados”, com condições óptimas para as nossas crianças.
Em termos, estritamente, arquitectónicos, atrevo-me a dizer que, do que conheço, é um dos Centros Escolares melhor integrado na paisagem.
Não posso deixar de sublinhar o aproveitamento de toda a envolvente ao Centro Escolar que está a ser realizado de forma coerente e com pensamento no futuro.
Ao investirmos nas nossas crianças estamos a investir no futuro.
Não devemos lamentar o que se gastou com a construção do Centro Escolar.
Não se trata, verdadeiramente, de um gasto mas, antes, de investir nas mulheres e nos homens de amanhã.
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No que respeita ao “Documento Verde” (desconheço porque lhe deram este nome e esta côr !!!) com vista à reforma da Administração Local que veio a lume há dias, gostava que fosse realizado, pela sociedade civil, um debate sério e aprofundado.
Esse debate terá que ter lugar, essencialmente, junto dos que vão ser mais afectados: nas respectivas Assembleias de Freguesia, nas Juntas - e, neste particular, os Presidentes das Juntas de Freguesia terão que assumir um papel preponderante; quer, no esclarecimento dos habitantes da sua freguesia, quer, no debate, quer, na posição que venham a assumir na defesa dos interesses da sua freguesia.
Nenhum responsável político se pode demitir desta obrigação, sob pena de, amanhã, vir a ser acusado de inércia ou negligência.
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Por último, tenho, ainda, mais um desafio a fazer às forças vivas deste concelho.
Uma das nossas obrigações é proporcionar às gerações vindouras um futuro melhor.
Não podemos, no entanto, esquecer as nossas raízes e as nossas tradições.
A crise que vivemos vai “obrigar” muitas pessoas a regressar à agricultura.
É nossa obrigação ensinar aos mais jovens como se faz o azeite, como se faz o vinho, como se fazem os folares, o fumeiro, os doces, o mel…
Uma articulação saudável entre o Município, as Cooperativas, os agricultores/produtores e os nossos idosos, pode levar à transmissão destes saberes e incentivar os jovens (inclusivamente, os do litoral - e recordo, a este propósito, que podem ser estabelecidas parcerias com escolas, com outras Autarquias, com os Ministérios da Educação e da Economia…) a vir a Valpaços, a conhecer a nossa Terra e, quem sabe, a fixarem-se na nossa região.
Não é um projecto megalómano, nem envolve grandes custos. Será, seguramente, um legado interessante e inovador.
Pode, ainda, projectar Valpaços e trazer à nossa terra muita gente.
António Ribeiro Barbosa
a.barbosa-6766p@adv.oa.pt