Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Cativa-me






Foi então que apareceu a raposa.
– Olá, bom dia! – disse a raposa.
– Olá, bom dia! – respondeu educadamente o principezinho, que se virou para trás mas não viu ninguém.
– Estou aqui, debaixo da macieira – disse a voz.
– Quem és tu? – perguntou o principezinho – És bem bonita…
– Sou uma raposa – disse a raposa.
– Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho. – Estou triste…
– Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Ainda ninguém me cativou…
– Ah! Então, desculpa! – disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar.
– “Cativar” quer dizer o quê?
– Vê-se logo que não és de cá – disse a raposa. – De que andas tu à procura?
– Ando à procura dos homens – disse o principezinho. – “Cativar” quer dizer o quê?
– Os homens têm espingardas e passam o tempo a caçar – disse a raposa. – É um grande inconveniente! E também fazem criação de galinhas. Aliás, na minha opinião, é o único interesse deles. Andas à procura de galinhas?
– Não – disse o principezinho. – Ando à procura de amigos. “Cativar” quer dizer o quê?
– É uma coisa de que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer “criar laços”…
– Criar laços?
-Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…
– Parece-me que estou a perceber – disse o principezinho. – Sabes, há uma certa flor… tenho a impressão que ela me cativou…
– É bem possível – disse a raposa. – Vê-se cada coisa cá na Terra…
– Oh! Mas não é na Terra! – disse o principezinho.
A raposa pareceu muito intrigada.
– Então, é noutro planeta?
– É.
– E nesse planeta há caçadores?
– Não.
– Começo a achar-lhe alguma graça… E galinhas?
– Não.
– Não há beleza sem senão… – suspirou a raposa.
Mas voltou a insistir na mesma ideia:
– Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu caço galinhas e os homens caçam-me a mim. As galinhas são todas parecidas umas com as outras e os homens são todos parecidos uns com os outros. Por isso, às vezes, aborreço-me muito. Mas, se tu me cativares, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, repara! Estás a ver aqueles campos de trigo ali adiante? Eu não gosto de pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando tu me tiveres cativado, vai ser maravilhoso! O trigo é dourado e há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do som do vento a bater no trigo…
A raposa calou-se e ficou a olhar para o principezinho durante muito tempo…
– Se fazes favor… Cativa-me! – acabou finalmente por pedir.
– Eu bem gostava – respondeu o principezinho, – mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e um bocado de coisas para conhecer…
– Só conhecemos o que cativamos – disse a raposa. – Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
– E tenho que fazer o quê? – disse o principezinho.
– Tens de ter muita paciência. Primeiro, sentas-te longe de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas podes-te sentar cada dia um bocadinho mais perto…

O Principezinho, Antoine de Saint- Exupéry






























sexta-feira, 22 de julho de 2011

À procura de amigos



Falar de amizade é, muitas vezes, desperdiçar palavras, lançar palavras ao vento, teorizando sobre um valor de que, talvez, nem saibamos o verdadeiro sentido, pela dificuldade que temos de o por em prática… Falamos de amigos, somos amigos, temos amigos… Mas ...o que é, para nós, um amigo? Como o elegemos? Relembremos Antoine de saint-exupéry:


“As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: Qual é o som de sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele colecciona borboletas? Mas perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai? Somente então é que elas julgam conhecê-lo.

Se dizemos às pessoas grandes: Vi uma bela casa de tijolos cor de rosa, gerânios na janela, pombas no telhado.... elas não conseguem, de modo algum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: Vi uma casa de seicentos mil. Então elas exclamam: Que beleza!


Para reflectir sobre a amizade e constatar como ela, amizade, condiciona as nossas vidas, nada melhor relembrar a história de O Principezinho, mais concretamente, o episódio da raposa:


«Foi então que apareceu a raposa.

– Olá, bom dia! – disse a raposa.

– Quem és tu? – perguntou o principezinho. – És bem bonita…

– Sou uma raposa – disse a raposa.

– Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho. – Estou tão triste…

– Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Ainda ninguém me cativou…

– Ah! Então, desculpa – disse o principezinho. Mas pôs-se a pensar, a pensar e acabou por perguntar:

– «Cativar» quer dizer o quê?

– Vê-se logo que não és de cá – disse a raposa. – De que andas tu à procura?

– Ando à procura de amigos. «Cativar» quer dizer o quê?

– É uma coisa de que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer «criar laços».

– Criar laços?

– Sim, laços. – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim.

Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…

Só se conhecem as coisas que se cativam – disse a raposa –, os homens já não têm tempo para conhecer o que quer que seja… Se queres ter um amigo, cativa-me!

– O que é que é preciso fazer? – perguntou o principezinho.

– É necessário ser paciente – respondeu a raposa.

– Sentas-te primeiro um pouco longe de mim, assim, na erva. Eu olhar-te-ei pelo canto do olho e tu não dirás nada…

Foi assim que o principezinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da partida:

– Adeus – disse a raposa. – Eis o meu segredo.

É muito simples:

só se pode ver bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos…

Os homens esqueceram esta verdade – disse a raposa. – Mas tu não deves esquecer-te. Tornaste-te para sempre responsável por aquilo que cativaste…»