Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

'Stou só e sonho saudade



NATAL...

Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!


Fernando Pessoa






























































domingo, 15 de maio de 2016

Quando Vier a Primavera





Quando Vier a Primavera


Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim. 

Sinto uma alegria enorme 
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma 

Se soubesse que amanhã morria 
E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo. 

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é. 


Fernando Pessoa




















































Corre um rio sem fim



Entre o sono e sonho, 
Entre mim e o que em mim 
É o quem eu me suponho 
Corre um rio sem fim. 

Passou por outras margens, 
Diversas mais além, 
Naquelas várias viagens 
Que todo o rio tem. 

Chegou onde hoje habito 
A casa que hoje sou. 
Passa, se eu me medito; 
Se desperto, passou. 

E quem me sinto e morre 
No que me liga a mim 
Dorme onde o rio corre — 
Esse rio sem fim. 

Fernando Pessoa











































sexta-feira, 1 de abril de 2016

Dorme onde o rio corre _ Esse rio sem fim





Entre o sono e sonho, 
Entre mim e o que em mim 
É o quem eu me suponho 
Corre um rio sem fim. 

Passou por outras margens, 
Diversas mais além, 
Naquelas várias viagens 
Que todo o rio tem. 

Chegou onde hoje habito 
A casa que hoje sou. 
Passa, se eu me medito; 
Se desperto, passou. 

E quem me sinto e morre 
No que me liga a mim 
Dorme onde o rio corre — 
Esse rio sem fim. 
Fernando Pessoa




























































quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Sorriso audível das folhas, não és mais que a brisa ali



Sorriso audível das folhas,
Não és mais que a brisa ali.
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.

Ri, e olha de repente,
Para fins de não olhar,
Para onde nas folhas sente
O som do vento passar.
Tudo é vento e disfarçar.

Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou;
E estamos os dois falando
O que se não conversou.
Isto acaba ou começou


Fernando Pessoa























































sábado, 14 de novembro de 2015

Este fulgor baço da terra



NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Fernando Pessoa














































sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Uma névoa de Outono o ar raro vela



Uma névoa de Outono o ar raro vela

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

Fernando Pessoa





























































quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me





AH! QUEREM uma luz melhor que 
a do Sol! 
Querem prados mais verdes do que estes! 
Querem flores mais belas do que estas 
que vejo! 
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me. 
Mas, se acaso me descontentam, 
O que quero é um sol mais sol 
que o Sol, 
O que quero é prados mais prados 
que estes prados, 
O que quero é flores mais estas flores 
que estas flores - 
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira! 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa














































quarta-feira, 6 de maio de 2015

Tão ténue melodia que mal sei se ela existe




Canção

Silfos ou gnomos tocam?... 
Roçam nos pinheirais 
Sombras e bafos leves 
De ritmos musicais. 

Ondulam como em voltas 
De estradas não sei onde 
Ou como alguém que entre árvores 
Ora se mostra ou esconde. 

Forma longínqua e incerta 
Do que eu nunca terei... 
Mal oiço e quase choro. 
Por que choro não sei. 

Tão ténue melodia 
Que mal sei se ela existe 
Ou se é só o crepúsculo, 
Os pinhais e eu estar triste. 

Mas cessa, como uma brisa 
Esquece a forma aos seus ais; 
E agora não há mais música 
Do que a dos pinheirais.

   Fernando Pessoa
                






























quarta-feira, 22 de abril de 2015

Quero ser feliz quero sossego




Quero ter momentos de paz.
Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais.
Quero ser feliz, quero sossego. 
Quero me olhar mais.
Tomar mais sol e mais banho de chuva
Preciso me concentrar mais, delirar mais.
Não quero esperar mais.
Quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais.
Quero olhar para frente.
Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa.
E o resto que venha se vier,
ou tiver que vir, ou não venha.

Fernando Pessoa


















































sexta-feira, 6 de março de 2015

A Igreja Matriz de Lebução





Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa






































quarta-feira, 14 de maio de 2014

O sino da minha aldeia




Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
          Fernando Pessoa





































terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...



NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.



Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...


É a Hora!






















segunda-feira, 4 de março de 2013

O sino da minha aldeia




Ó sino da minha aldeia 

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.