Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Restauração da Independência - 1º de Dezembro



Em 1578, D. Sebastião morreu na batalha de Alcácer-Quibir, no norte de África.

Portugal ficou, assim, sem rei, pois D. Sebastião era muito novo e não tinha descendentes, não havendo, assim, herdeiros directos para a coroa portuguesa. Subiu ao trono o Cardeal D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião. Mas só reinou durante dois anos porque nem todos estavam de acordo com ele como novo rei.

Falecido o cardeal-rei D. Henrique, em 1580, sem deixar sucessor, Filipe II de Espanha, neto do rei português D. Manuel I, invadiu Portugal e submeteu o nosso país a 60 anos de domínio. Durante estes 60 anos, viveu-se em Portugal um período que ficou conhecido na História como "Domínio Filipino". Depois do reinado de Filipe II (I de Portugal), veio a governação de Filipe III (II de Portugal) e Filipe IV (III de Portugal). Estes reis governavam Portugal e Espanha ao mesmo tempo, como um só país. A capital do Império passou a ser Madrid e Portugal foi governado como uma Província espanhola. Como é natural, os portugueses viviam descontentes e compreendiam que só uma revolução bem organizada lhes poderia trazer a libertação.

Assim, no dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo de 40 fidalgos dirigiu-se ao Paço da Ribeira onde estavam a Duquesa de Mântua, regente de Portugal, e o seu Secretário, Miguel de Vasconcelos. A Duquesa foi presa e o Secretário morto.

Foi assim que Portugal recuperou a sua independência, sendo D. João IV, Duque de Bragança, aclamado rei, com o cognome de "O Restaurador".



Hino da Restauração




"Portugueses celebremos

O dia da Redenção

Em que valentes guerreiros

Nos deram livre a Nação.


A Fé dos Campos de Ourique

Coragem deu e valor

Aos famosos de Quarenta

Que lutaram com ardor.


P'rá frente! P'rá frente!

Repetir saberemos

As proezas portuguesas.

Ávante! Ávante!


É voz que soará triunfal

Vá ávante mocidade de Portugal!

Vá ávante mocidade de Portugal!"



Foram muitas as vezes que eu ouvi entoar este hino, ao meu avô, mas com mais quadras. Ainda recordo uma, perfeitamente enquadrada no contexto. Portanto faz todo o sentido que o Hino da Restauração tivesse sido amputado. Eis a quadra:


Portugueses é chegado

o dia da redenção.

Saltam do pulso as algemas.

Ressurge livre a nação ."
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2 comentários:

Paulo C. disse...

O período mais negro e mais triste da história de Portugal tinha começado. Foi uma amarga lição que ficou gravada, eternamente, na memória dos portugueses
A falta de lucidez de um jovem príncipe e a traição de alguns portugueses, vendidos aos castelhanos, quase amortalharam o país.

Com a Pátria morre também a maior glória nacional, Luís de Camões (1524-1580) começa os Lusíadas na prisão, sai para a Índia onde se bate em várias expedições militares, segue para Macau onde deve ter acabado o poema. Publica os "Lusíadas" em 1572. O rei D. Sebastião outorga-lhe uma tença de quinze mil - réis anuais, que não devia ser suficiente, para este homem de génio e cultura superior, cujos sonetos são de beleza ímpar e o poema épico, "os Lusíadas", o cântico espiritual que anima e identifica este povo. Morre doente e na mais completa miséria, a 10 de Junho de 1580.

É publicado o livro "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto, tinha sido 13 vezes cativo e 17 vendido. Os feitos tão fantásticos, embora verdadeiros, que os amigos, quando o chamavam, gracejando, diziam: Fernão, mentes? Minto.

Anónimo disse...

Claro que ninguém gosta de perder a soberania, mas os nossos antepassados, por circunstâncias várias, não tiveram outro remédio...
Mas 60 anos é muito tempo e o descontentamento crescia.
Não vou aqui contar a História com a precisão que merece, apenas referir que, também neste episódio, uma Mulher teve um papel fundamental.

Um dos fidalgos envolvido era D.João, Duque de Bragança, casado com D.Luísa de Gusmão.
Por força da sua ascendência, e em caso de sucesso da conspiração, ele era o mais indicado para ser o futuro rei de Portugal.
Então, recebeu da duquesa, sua esposa, o estímulo e incentivo necessário ao avanço da revolta.
São célebres as frases que ficaram na nossa História:

"Vale mais ser Rainha uma hora, do que Duquesa toda a vida!"
e
"É melhor morrer reinando do que viver servindo!"