É como um poema que pinta a vastidão do horizonte de tons azuis, laranja, amarelos, no final de mais um dia de Verão. Além dessas cores, a única coisa que se vê, ou se pressente, é o sol avermelhado, caindo, lentamente, na linha do horizonte e, a lua cheia, elevando-se, majestosa e enorme.
É a hora mágica do crepúsculo, quando as ideias se soltam cruzam, e misturam. Vagueiam, elas, as ideias, e vagueio eu, pelos caminhos tortuosos e perfumados que me levam ao Vale de Couce, quando o dia está prestes a acabar. Voam, quando me sento numa pedra, a mesma que o meu pai procurava quando ali subia, e formam outras, novas, pintadas de cores mais ou menos esbatidas. É aqui o ponto de partida de uma viagem, quase sempre de regresso ao passado, em que as rotas e os caminhos são por demais conhecidos. Uma das poucas viagens em que, seja qual for o lugar onde chegue, nunca terei a sensação de ter falhado o destino. Há outras sensações que me envolvem e me apertam das quais não posso nem quero libertar-me. Mas essas são tão minhas que, por nada, partilharei com quem quer que seja. E lá estou eu a sussurrar este poema de hitomaro, poeta japonês...
2 comentários:
Realmente gente fina é mesmo outra coisa.Também eu não tenho a menor dúvida. Boa tarde Graça.
Boa tarde, caro anónimo. Tenho muita pena que o seja, mas, mesmo assim, não deixo de lhe achar piada.
Claro que gente fina é outra coisa.
Acredito que não haverá ninguém com sombra de dúvidas.
Clarinho como a água.
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