Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Acordar em Lebução num dia frio



Dezembro instalou-se, na minha terra, e estendeu o seu manto frio com que nos brinda a cada ano que passa. A geada tem sido uma constante, neste Inverno antecipado, que começou ainda Novembro não ia a meio. Nos lugares mais sombrios das ruas da minha terra, a geada vai-se acumulando dia após dia, formando grossas placas de gelo, pequenas e perigosas pistas.
Os dias entram pelas noites, engolindo as tardes. São cada vez mais pequenos, mais cinzentos e mais tristes. "Novembro desfolhou-se numa agonia lenta, com seu fato de troncos, entre os dedos do vento". 
Acordo com o relógio da torre a gritar-me aos ouvidos, badaladas compassadas, que se estendem a toda a aldeia. Antes, já o galo do meu vizinho Luís tinha ensaiado o seu cântico matinal, alertando para o começo do dia. " O galo quando canta é dia, é dia Maria, Maria é dia"
E é neste silêncio da manhã, cortado pelo relógio da torre e pelo galo do meu vizinho Luís, que eu entro num novo dia, mais um dia de trabalhos e promessas. 
Já estou a ver as notícias da manhã, quando, da torre da Igreja, soa um novo toque, desta vez chamando os fiéis à Oração. Fecho os olhos e oiço a minha mãe rezar, com devoção, num tom calmo e sereno:

Bendita e louvada seja a luz do dia
Bendito e louvado seja quem a cria
Bendita e louvada seja a luz do dia
Bendito e louvado seja quem a cria
Em honra e louvor
Da Virgem Maria
Um Pai Nosso
E uma Avé Maria.  





















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