Em Vila Real, estes festejos, vivem-se com muita intensidade, principalmente pela juventude. Dos anos que eu vivi nessa cidade, e que eu recordo com muitas saudades, ficou na minha lembrança uma tradição, curiosa, associada ao dia de Santa Luzia.
Neste dia manda a tradição que as raparigas da cidade ofereçam o pito aos rapazes seus eleitos, para que no dia 3 de Fevereiro, dedicado, na liturgia, a São Brás, os rapazes, retribuam a oferta com a gancha.
Para que não haja confusões, convém referir, que o pito é um bolo com recheio de doce de abóbora e, a gancha, um rebuçado em forma de báculo bispal.
Com origem no antigo Convento de Santa Clara, os Pitos de Santa Luzia ganharam forma e paladar pelas mãos de Maria Ermelinda Correia, uma Irmã Imaculada de Jesus, que, segundo reza a história, era muito gulosa. Ora, sabendo a Madre Superiora de toda a sua gula, proibiu-a de comer todo o tipo de doces. A Irmã Ermelinda Correia, não conseguindo controlar a sua gulodice, criou um doce cuja forma se assemelhava muito com os pachos de linhaça com que tratava os doentes com problemas de olhos. E assim nasceu o Pito de Santa Luzia (padroeira dos doentes com problemas de olhos), uma especialidade com recheio de doce de abóbora e cobertura de massa de farinha, que é um dos ex libris de Vila Real.
E, como a tradição ainda é o que era, hoje, em Vila Real, as raparigas oferecem o Pito aos rapazes, sem pudor, e serão retribuídas, pelo S. Brás quando eles as brindarem com as saborosas Ganchas.
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