Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 15 de novembro de 2015

Um tom escuro, pardacento, pesado, instala-se, hoje, e envolve Novembro



Um tom escuro, pardacento, pesado, instala-se, hoje, e envolve Novembro que, no lento definhar dos dias, nos brinda com frio, pouco, pelas manhãs, e um sol radioso, que aquece o corpo e a alma, durante o dia. Ninguém diria que o Inverno está à porta.
Novembro continua a desfolhar-se em manhãs pardacentas, nebulosas, e tardes melancólicas e calmas. de ocasos de fogo a perderem-se no azul violáceo da distância.
Que magnífico espectáculo nos oferece a Natureza, nesta paleta de cores, que vai do castanho ao amarelo, passando pelo avermelhado das cerejeiras e das videiras de braços erguidos ao céu.
Aqui, ao amanhecer, o doce encanto do cantar do galo, misturado com outros sons, com outros perfumes, com mil perfumes, que me inebriam, quando abro a porta da varanda do meu quintal. A nogueira, centenária, que domina todo o espaço, já se despojou das folhas, como quem despe uma roupagem velha e, cedo, a trocará por outra, mais fina, mais verde, mais aconchegante. A passarada perdeu o abrigo mas, depressa, escolheu poiso no azevinho que não larga as folhas por nada. É aí, no azevinho, que eles, melros, pardais e estorninhos, soltam as suas melodias e, ao mesmo tempo, vão debicando nos dióspiros, que continuam na árvore. Como dizia o meu Pai _ eles não podem morrer à fome.
Já é dia, porque o sino da Igreja já tocou à Oração, em tom lento, compassado, para acompanhar o ritmo da reza.
Ao longe, muito longe, oiço, em surdina, a voz, doce, da minha Mãe:

Bendita e louvada seja a luz do dia
Bendito e louvado seja quem a cria
Bendita e louvada seja a luz do dia
Bendito e louvado seja quem a cria
Em honra e louvor da Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Avé Maria.

Acabou a reza nas casas da minha terra e, agora, que o dia já despontou, são horas de começar a labuta, a azáfama de todos os dias..
Porque, lá diz o povo _ Quem não trabuca não manduca!



































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