Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Lebução encerra a beleza da terra fria transmontana




Lebução encerra toda a beleza da terra fria transmontana. Invernos rigorosos, paisagens agrestes, a pedir mimos, a pedir consolo. Quando o frio se instala, o povo instala-se à lareira, com troncos de carvalho a crepitar. E é neste aconchego, neste espaço de calor, que se vai desenrolando parte da vida desta gente. E em todas as casas, a tradição é colocada na mesa, em qualquer data que o calendário assinale. Anos e anos de tradição, desfilam pelas mesas da minha terra _ desde o cabrito assado em forno de lenha, à vitela assada na brasa, do pão de ló, aos bolos económicos e aletria, há uma panóplia de sabores e de saberes que se perpetuam no tempo. 
A nossa gastronomia revela a sua intensa ligação à terra. A castanha, o fruto dos frutos, chega-nos saboroso, como chuva que cai do céu, e o povo recebe como uma bênção, logo no início do Outono. Aliada à tradição transmontana está também a festa da matança do porco e os produtos que daí resultam. Foi assim que ao longo dos tempos se aperfeiçoaram sabores e se requintaram receitas. Com a matança do porco nasceram os enchidos, que são produto de referência da gastronomia da minha terra. Desta e de outras carnes, encontramos as alheiras, os azedos (ou chouriços de pão), os buchos e bexigas, as linguíças e salpicões.
As tradicionais matanças estão a desaparecer. Já são muito poucos os que seguem à risca os rituais que estavam por trás desta prática comunitária, que reunia amigos e familiares. Mais do que uma festa que dura o dia inteiro, agora, a matança é um acto quase mecânico, que dura apenas umas horas, o tempo de matar o animal e pouco mais. O resto? Fica para a dona de casa que, com todo o vagar, se vai desembaraçando de todo o trabalho que tem pela frente.
O tempo dá-o Deus de graça, diz o povo.














































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